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Trovadores precoces

15 abr 2005 às 11:00
... enquanto Wolf parte do tom solene da obra de Leonard Cohen - Reprodução
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Diante do trabalho de Patrick Wolf e Stephen Fretwell, qualquer um se sentiria tentado a fazer teorizações vazias sobre talento precoce. Wolf é irlandês e tem apenas 21 anos. Fretwell é inglês e está com 23. O primeiro acaba de lançar seu segundo álbum, "Wind In The Wires" (Tomlab – importado), enquanto o segundo soltou seu trabalho de estréia, "Magpie" (Polydor – importado), no final do ano passado.

Artistas no começo da terceira década de vida geralmente recorrem ao rock de garagem ou ao rap em suas primeiras tentativas musicais. A sonoridade de Wolf e de Fretwell, porém, já nasce densa, climática e soturna, dando a impressão de que os músicos já têm vários anos de estrada. Mas, enquanto o irlandês parte do tom solene da obra de Leonard Cohen, Fretwell é fiel ao folk de Nick Drake – de tal forma que "Magpie" remete a discos de trovadores recentes, como Badly Drawn Boy, Elliott Smith e o Beck da fase "Sea Change" (disco de 2002).

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"Wind In The Wires" é mais centrado do que o primeiro álbum de Wolf, "Lycanthropy" (2003), mas mantém a mesma fórmula paradoxal: o cantor tempera arranjos de sabor tradicionalista, quase barrocos, recheados de bandolins, acordeons e (principalmente) violinos, com batidas eletrônicas sujas e efeitos de estúdio. A esquizofrenia se manifesta em contrapontos curiosos no interior do repertório: há espaço para brincadeiras medievais como "The Railway House" e também para um flerte com o rock industrial na imunda "Tristan".

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Wolf não esconde a aproximação com Nick Cave & The Bad Seeds, Tindersticks e outros herdeiros de Cohen, mas sua abordagem é menos depressiva: a paixão que emana da faixa-título e da belíssima melodia de "The Gypsy King" é um exemplo de beleza iluminada pescada das sombras. As composições também são valorizadas pelos vocais, que tentam alçar a grandiosidade melódica de Radiohead e Jeff Buckley.

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Com temperamento menos experimentalista, Fretwell assusta ao abrir "Magpie" com a chata "Do You Want To Come With?", que dá a incômoda primeira impressão de que vem aí mais um imitador chato de Coldplay. Felizmente, o cantor saca já na seqüência a belíssima "What’s That You Say Little Girl", com refrão adesivo e dedilhados ao violão que devem as cuecas a Drake.


Quem conheceu Damien Rice a partir da abertura do filme "Perto Demais" vai encontrar abrigo melhor nas melodias gentis e nos arranjos delicados das ótimas "Emily", "Lost Without You" e "Play". Fretwell fica mais pop na tocante "Brother", que lembra Bob Dylan, e não deixa dúvidas sobre seu talento na suprema "New York", uma das mais lindas baladas dos últimos anos.

"Wind In The Wires" e "Magpie" vêm em boa hora porque o mundo pop anda meio carente de trovadores: afinal, Elliott Smith morreu, Badly Drawn Boy virou um chato e o Wilco está cada vez mais esquisito e menos baladeiro. Bem-vindos, moleques.


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