Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade

Volta à forma

06 mai 2005 às 11:00
Quarteto lança disco cheio de hits em potencial - Reprodução
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

É com prazer que esta coluna anuncia a ressurreição do Garbage. A banda norte-americana liderada pela vocalista Shirley Manson tinha adentrado o clube dos chatos do rock com o álbum "Beautiful Garbage" (2001), fiasco no qual o grupo cedeu às tentações da eletrônica, cometeu excessos na produção e se esqueceu das composições. Desde então, pouco se falou sobre o Garbage, e as brigas internas quase levaram a banda ao fim.

Felizmente, Shirley e seus comparsas (o mais ilustre deles é Butch Vig, que produziu Smashing Pumpkins e Nirvana) sobreviveram para fazer "Bleed Like Me" (Geffen – importado), que chegou às lojas dos Estados Unidos em abril. Não se trata aqui de uma volta às origens: surpreendentemente, o novo álbum arranca seu charme de guitarras pesadas e pretere as batidas computadorizadas e os efeitos de estúdio que eram característicos da banda tanto em "Beautiful Garbage" quanto nos dois primeiros (e melhores) discos do quarteto, "Garbage" (1995) e "Version 2.0" (98).

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


A voz de Shirley aparece sem efeitos e se equilibra entre a arrogância sexy que sempre foi o mote do Garbage e a melancolia exigida pelas letras, as mais tristes já escritas pela vocalista, que recentemente terminou um longo relacionamento. "Bleed Like Me" abre como todo disco de rock deveria começar: pulsante, triunfal, com faixas com cara de hits imediatos.

Leia mais:

Imagem de destaque

Prêmio de consolação

Imagem de destaque

Semestre gordo

Imagem de destaque

Sem má vontade

Imagem de destaque

Item obrigatório


A primeira, "Bad Boyfriend", é uma das menos confessionais do repertório e recorre ao velho truque da provocação sexual, ainda que numa roupagem arrastão grunge – coincidência ou não, quem toca bateria é Dave Grohl. Em seguida, vêm as duas melhores canções do novo álbum: "Run Baby Run" embala uma mensagem de solidariedade aos perdedores com melodia triste, guitarras pesadas e refrão adesivo, e "Right Between The Eyes" repete a dose, só que com mais agressividade.

Publicidade


A quarta faixa é o primeiro single, "Why Do You Love Me", e justamente a única escorregada do álbum: a melodia e o refrão são tão bobos ("por que você me ama?/ isso está me deixando louca") que poderiam estar num disco de Britney Spears. O nível é recuperado a seguir, com a faixa-título, cuja sublime introdução lembra PJ Harvey, e "Metal Heart", que mistura batidas dançantes e peso metaleiro.


A partir daí, a banda apenas emula com competência o clima arrebatador do início do álbum, respira com uma balada ("It’s All Over But The Crying", que Madonna poderia ter escrito se tivesse algum talento) e fecha com "Happy Home", cujos atrativos são a letra esperançosa ("não há mais choro/ não há mais mentiras"), cordas e os belíssimos "a-ha-has" no refrão.

Publicidade


Cheio de hits em potencial, "Bleed Like Me" é divertido, conciso e resgata um dos grandes nomes do rock dos anos 90, mas tem problemas e a grande maioria deles está fora da música: a julgar pela recepção fria da imprensa gringa, é difícil de acreditar que o público e a crítica estão dispostos a receber o Garbage com a mesma boa vontade que demonstraram na época em que a banda estava no auge. Ainda que tenha recuperado a forma, só por milagre o quarteto recupera o prestígio de outrora.


LANÇAMENTOS

Publicidade


Louis XIV – "The Best Little Secrets Are Kept" (Atlantic – importado)


A banda californiana Louis XIV é uma piada sem graça. Com clima festivo que lembra T-Rex e letras obscenas padrão Blink-182, o grupo é uma espécie de representante debochado do chamado novo rock, com riffzinhos eficientes, apelo dançante e momentos mais calmos com odor de tiração de sarro. A faceta excessivamente farrista poderia ser relevada, mas o Louis XIV se esqueceu de compor refrões que grudam na cabeça e melodias menos repetitivas. Se é para dar risada ouvindo banda nova, melhor ficar com o Electric Six.
Para quem gosta de: T-Rex, Strokes, White Stripes fase "White Blood Cells".


Decemberists – "Picaresque" (Kill Rock Stars – importado)

"Picaresque" é o disco que o Belle & Sebastian tenta fazer desde "If You’re Feeling Sinister" (de 1997), mas não consegue. Este terceiro álbum da banda norte-americana liderada pelo vocalista Colin Meloy oferece 11 delícias melódicas, refúgios para apreciadores de delicadeza musical centrada no violão. A ótima "The Sporting Life" recria os melhores momentos de agitação do B&S, "From My Own True Love (Lost At Sea)" é baladão de densidade country com refrão que é uma pérola de ingenuidade ("senhor carteiro, você tem uma carta pra mim/ do meu verdadeiro amor?") e "Eli, The Barrowboy" e "Of Angels And Angles" se aproximam do refinamento de Nick Drake e Elliott Smith. O restante do álbum gravita na mesma órbita de melancolia sem desespero e composições gentis. Um dos primeiros grandes discos de 2005.
Para quem gosta de: Belle & Sebastian, The Shins, Bright Eyes.


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade