A família brasileira não é mais a mesma. Se há 30 anos era comum que os casais tivessem 4 ou 5 filhos, hoje esse número, nas famílias mais numerosas, não passa de 3. E a composição da família também mudou. Hoje, a convencional formação pai, mãe e filhos divide lugar com outras formações: apenas a mãe e os filhos, o pai e os filhos, duas mães e um filho ou dois pais e um filho ou simplesmente um casal, sem nenhum filho.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que no final da década de 1960, a taxa de fertilidade no Brasil era de cerca de 6 filhos por mulher, passando para 4,5 no final da década de 1970. Em 2010, conforme dados do senso, essa taxa ficou em 1,86 filho por mulher, semelhante à dos países desenvolvidos e abaixo da taxa de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher. Não é à toa que o tema "casais sem filhos" vem sendo cada vez mais discutido por sociólogos, filósofos e educadores.
Foi justamente essa mudança no comportamento e na constituição das famílias, que levou o casal Margareth Moura Lacerda e Edson Fernandes a escrever o livro "Sem filhos por opção", que apresenta dados, inclusive do Paraná. O livro revela que nos últimos dez anos, o número de casais sem filhos cresceu 83% no Estado. Hoje 19,5% dos casais paranaenses não têm filhos.
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Edson Fernandes é doutor em Comunicação, professor universitário, escritor e pesquisador. Já Margareth Moura Lacerda é psicóloga, pedagoga e filósofa.
A obra, que traça um panorama da família brasileira atual, suas novas configurações e dinâmicas, traz muitos depoimentos de casais e solteiros, dados estatísticos e levantamentos dos autores das áreas de sociologia e psicologia. O objetivo do casal, que já sofreu preconceitos por não ter filhos, é mostrar que, na prática, a condição de vida optada por eles não deve e não pode ser condenada. "Ainda assim, na sociedade contemporânea, é preciso coragem para não ter filhos. Você é visto como um extraterrestre. As pessoas olham como se você não fosse ‘normal’", observam os autores.
Temas como a diminuição do número de crianças no país e o aumento dos idosos não ficaram fora do livro. A nova mulher no século XXI e o seu papel decisivo na sociedade brasileira; a família da nova classe média (50% da população do país, 95 milhões); a nova geração Z (com menos de 17 anos de idade) e suas perspectivas com relação à família; e as novas relações no ambiente virtual, entre outros aspectos, também são abordados.
Motivos
Segundo pesquisas conduzidas pelos autores, o crescimento no número de casais que não ter filhos nos últimos anos pode ser atribuído a diversos fatores, principalmente à emancipação da mulher. De acordo com o pesquisador, da população economicamente ativa do Brasil hoje, 45% são mulheres que trabalham. "A mulher no final do século 20 e início do século 21 tem projetos que vão além de ter filhos, ela tem outras ambições, que ter uma carreira profissional, ganharr dinheiro", comenta Fernandes.
Ele também explicou que hoje as pessoas casam tarde e preferem antes dos filhos, ter sua casa e seu carro. Outro ponto é o custo que um filho gera. Segundo ele, hoje para um casal de classe média um filho de 0 a 22 anos pode chegar a custar R$ 1 milhão.
Fernandes também apontou outras questões, como os índices de violência, superpopulação do planeta, recursos escassos, poluição e questões ecológicas como fatores que influenciam na decisão dos casais. "A correria do dia a dia também desestimula. Sem contar que ter filhos vai além de empurrar o carrinho do bebê em um parque. É preciso ter vocação para a paternidade, o que muitos casais não têm", argumenta o autor.
Outros números
17% da população brasileira é composta por casais sem filhos
5 milhões de solteiros moram sozinhos no Brasil
14 milhões de mulheres não querem engravidar (14% das brasileiras)
Ficha técnica
"Sem Filhos por Opção"
Páginas: 195
Preço sugerido: R$ 49,90