Quando a criança começa a crescer, surgem as dúvidas sobre a "idade ideal" para cada coisa. Todo mundo parece ter uma ideia formada sobre quando retirar a chupeta, a mamadeira e até mesmo a fralda dos pequenos. Diante de tantas opiniões, as mães ficam confusas e com medo de "atrasar" o desenvolvimento dos filhos.
Para o pediatra e neonatólogo Leonardo Falci Mourão, a pressão para tornar as crianças "adiantadas" e "independentes" costuma partir tanto dos pais quanto das creches, e é ruim para o crescimento da criança. "Cada uma tem seu tempo e é importante observar que habilidades como o controle das fezes não se trata apenas de uma questão de disciplina ou de algo que possa ser ensinado às crianças, mas sim, que depende do desenvolvimento psicomotor", explica.
Fases
Leia mais:
Viih Tube revela se pretende ter mais filhos e expõe planos com Eliezer
Aline Wirley e Igor Rickli apresentam filhos adotivos ao público
PRE reforça a obrigatoriedade de cadeirinha e assento elevado para crianças
Confira 5 dicas para evitar acidentes domésticos com crianças nas férias
Segundo o médico, a criança passa por três fases antes de conseguir ter o controle das suas necessidades. Primeiro, ela repara que evacua quando a ação já foi completada. Em um segundo momento, ela percebe durante a ação e anuncia que está evacuando. Somente na terceira fase ela começa a identificar algo parecido com a vontade de ir ao banheiro que os adultos sentem.
A noção de que a criança deve pedir para ir ao banheiro só deve ser introduzida pelos pais quando ela atingir essa terceira etapa, que costuma chegar aos dois anos e meio - na maioria dos casos. Antes disso, dizer para o bebê que ele não pode evacuar nas calças ou agir de modo irritado quando a criança diz que está fazendo xixi em vez de ir ao banheiro é exigir responsabilidade cedo demais.
Essa cobrança pode gerar ansiedade e até mesmo constipação crônica na idade adulta. Para o doutor Leonardo Mourão, muitas pessoas que hoje têm dificuldade para ir ao banheiro provavelmente foram instruídas a controlar as fezes cedo demais.
Chupeta e da mamadeira
A questão da chupeta e da mamadeira, por sua vez, não está ligada ao desenvolvimento motor, mas também é um assunto delicado, pois envolve objetos que representam as primeiras grandes fontes de prazer do bebê.
A chamada fase oral − etapa da vida em que a sucção oferece sentimentos de prazer e segurança − não deve ser interrompida com violência. Colocar pimenta em bicos de mamadeira e chupetas, fazer chacota da criança que ainda usa esses utensílios e compará-la pejorativamente às outras não são estratégias saudáveis.
Conforme afirma o especialista, a melhor forma de evitar que a criança passe muito tempo dependente desses objetos é por meio da amamentação até os dois anos de idade. Esta constitui, além de alimentação, um momento de prazer e de sucção para o bebê. Muitos bebês que são amamentados até os dois anos nem sequer gostam de chupeta e mamadeira.
Caso a criança chegue aos três anos ainda fazendo uso desses artifícios, é o caso de checar se ela não tem passado ou presenciado muitos conflitos em casa, já que o prolongamento da fase oral pode ser um indicativo de insegurança e estresse.
"Criança não é um robô nem uma máquina. Cada uma é completamente diferente da outra, porém, o que se tem percebido nos consultórios é que, cada vez mais, pais querem arrancar esses objetos próprios da infância muito precocemente. O ideal é observar a criança e respeitar os seus limites", finaliza Leonardo. (Fonte: Portal Vital/Unilever)