O nascimento de irmãos gêmeos é algo que sempre fascinou o ser humano. Talvez pelo fato de se tratar de duas muito parecidas ou idênticas que vivem vidas diferentes. Mas, além da incrível semelhança, a conexão especial que esses irmãos compartilham é algo que nem a ciência conseguiu decifrar completamente.
De maneira geral, o nascimento de gêmeos não é um evento tão incomum: uma em cada 40 crianças que nasce no mundo é gêmea. Mas nesse grupo incluem-se dois diferentes tipos de gemelaridade: os gêmeos univitelinos, ou idênticos, que são formados a partir da divisão de um mesmo óvulo fecundado, e os bivitelinos, que nascem da fecundação de dois óvulos por dois espermatozoides e, portanto, não são idênticos, podendo até serem de sexos opostos.
Os gêmeos univitelinos são bem mais raros e sua incidência tem permanecido constante na maioria dos países, em torno de 3,5 e 4 para cada mil nascimentos, segundo dados de pesquisa realizada pelo Laboratório de Genética da Universidade Católica de Pelotas, no Rio Grande do Sul.
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No entanto, mudanças no estilo de vida e o avanço da ciência estão aumentando o nascimento de gêmeos bivitelinos. Com as mulheres adiando cada vez mais o sonho da maternidade, é bastante comum que acabem recorrendo à medicamentos e técnicas de reprodução assistida para poderem engravidar. Como as duas alternativas aumentam as chances de gestação múltipla, é cada vez mais comum a chegada de duplas, trios e até quartetos ao mundo. Estudos apontam que alguns tratamentos de infertilidade, como inseminação ou medicamentos indutores da ovulação, já passaram à frente da fertilização in vitro como principais fontes de gravidez múltipla.
O comportamento dos gêmeos sempre despertou também a atenção da ciência. E com a crescente presença deles na sociedade, é bom conhecer os aspectos que cercam seu modo de vida, afinal, nunca se sabe quando teremos que conviver de perto com uma duplinha da pesada. Listamos 11 fatos curiosos e surpreendentes sobre eles para você se informar e ficar preparado para uma 'eventualidade'. Confira:
1. Gêmeos idênticos não têm impressões digitais idênticas
Talvez você pense que, pelo fato de os gêmeos idênticos supostamente compartilharem DNA quase igual, também devem ter impressões digitais idênticas. Mas não é verdade. As impressões digitais não são geradas apenas com base no DNA. Quando gêmeos idênticos são concebidos, eles começam a vida com as mesmas impressões digitais. Mas durante 6ª e 13ª semana de gestação, quando eles começam a se mexer, cada um deles encosta no saco amniótico. Com isso, formam-se estrias e linhas nas mãos que podem resultar em impressões digitais diferentes em cada um.
2. Os gêmeos idênticos espelhados possuem traços inversos
Cerca de 25% dos gêmeos idênticos (univitelinos) crescem diretamente cara a cara no útero, razão pela qual se convertem em reflexos exatos um do outro. Um pode ser destro e o outro, canhoto, eles podem ter sinais de nascimento iguais, mas cada em um lado do corpo, ou podem ter os mesmos redemoinhos de cabelo, mas voltados em direções opostas. Esses gêmeos ocorrem quando o óvulo fertilizado se divide em dois mais de uma semana após a concepção.
3. A constituição genética dos gêmeos idênticos pode não ser igual
Embora os gêmeos idênticos sejam formados a partir de um só óvulo fertilizado que contém um só conjunto de instruções genéticas, também conhecido como genoma, ainda assim é possível que haja diferenças consideráveis na constituição genética deles. O geneticista Carl Bruder, da Universidade do Alabama em Birmingham, estudou de perto os genomas de 19 duplas de gêmeos idênticos adultos e constatou que em algumas duplas o DNA de um dos gêmeos diferia do outro no número de cópias de cada gene que possuía. Normalmente, cada pessoa carrega duas cópias de cada gene, uma herdada da mãe e uma do pai, mas Bruder explica que existem "regiões do genoma que se desviam dessa regra das duas cópias, e essas regiões podem carregar entre zero e 14 cópias de um gene".
4. Mães de gêmeos podem ter vida mais longa que a média
Um estudo publicado no periódico Proceedings of the Royal Society B tratou da população de mulheres no Utah na década de 1800 e descobriu que as mulheres que tinham gêmeos eram fortes e saudáveis e que tinham maior expectativa de vida. Stephanie Pappas, que escreve no LiveScience, explica: "Os gêmeos podem ser uma adaptação evolutiva com a qual as mães saudáveis aproveitam a chance de transmitir seus genes em dobro de uma só vez". Porém, como os dados incluem apenas mulheres que conceberam gêmeos naturalmente, as conclusões não são definitivas.
5. Mulheres altas têm probabilidade maior de ter gêmeos
Gary Steinman, MD, PhD, médico do Long Island Jewish (LIJ) Medical Center, descobriu que mulheres altas possuem mais fator de crescimento semelhante à insulina (IGF), uma proteína liberada pelo fígado em resposta a um hormônio do crescimento que estimula o crescimento dos ossos mais longos. A presença de níveis mais altos de IGF resulta em sensibilização maior dos ovários, o que eleva a chance de ovulação. De acordo com Steinman, quanto mais IGF a mulher possui, maior é sua chance de engravidar de gêmeos, porque o IGF "rege o índice de gestações espontâneas de gêmeos".
6. Consumo de laticínios também aumenta as chances de conceber gêmeos
Outro estudo feito por Steinman constatou que mulheres que consomem mais laticínios podem aumentar suas chances de conceber gêmeos. Steinman testou essa hipótese, comparando os índices de gêmeos de mães veganas e não veganas. As mães que comiam laticínios tinham cinco vezes mais chances de ter gêmeos. Isso acontece porque as vacas, como os humanos, produzem IGF em resposta ao crescimento do hormônio e o liberam em seu sangue. Do sangue, ele passa para o leite das vacas, que é consumido pelas mulheres.
7. Irmãos gêmeos podem ter pais diferentes
Em 2009, Mia Washington deu à luz gêmeos que tinham pais diferentes. Consta que seria algo que acontece uma vez em 1 milhão. A Dra. Hilda Hutcherson, professora clínica de ginecologia e obstetrícia na Universidade Columbia, explicou ao "Today" como isso aconteceu: normalmente, a mulher libera um óvulo por mês. No caso de Mia Washington, houve dois. Ao mesmo tempo, ela teve relações sexuais com dois homens diferentes no prazo de cinco dias. Como o espermatozoide pode permanecer vivo no trato reprodutivo por cinco dias, cada óvulo foi fertilizado pelo espermatozoide de um pai diferente.
8. Os gêmeos interagem ainda no útero
O pesquisador Umberto Castiello, da Universidade de Pádua, na Itália, estudou vídeos tridimensionais de gêmeos ainda no útero materno. Com 14 semanas de gestação, os gêmeos foram vistos estendendo os braços um para o outro. Com 18 semanas, eles tocavam um ao outro com mais frequência do que tocavam seus próprios corpos. As análises cinemáticas das gravações teriam revelado que os gêmeos faziam gestos nítidos em direção um ao outro e tocavam a região sensível dos olhos um do outro com tanta suavidade quanto tocavam a mesma região neles mesmos.
9. Cães conseguem distinguir gêmeos idênticos
Gêmeos idênticos costumam confundir até mesmo os pais, mas não enganam os cães. Uma pesquisa feita com pastores alemães mostrou que os cães podem identificar cada um dos gêmeos através do odor que se dá por fatores externos, como alimentos e infecções.
10. 40% dos gêmeos inventam suas próprias línguas
Essas línguas são chamadas línguas autônomas. Pesquisadores acreditam que os bebês gêmeos usam um ao outro como modelos no desenvolvimento da linguagem. A "língua" consiste em palavras invertidas e expressões inventadas. As línguas autônomas são formadas quando dois bebês muito intimamente ligados aprendem a falar uma língua real ao lado de outra e, naturalmente, brincam e se comunicam entre eles com frequência. Esse fenômeno é mais comum entre gêmeos, porque é mais provável que eles convivam estreitamente e se desenvolvam no mesmo ritmo, mas também pode ocorrer esporadicamente entre bebês não gêmeos. As "línguas" inventadas geralmente desaparecem logo após a infância, quando as crianças já terão aprendido uma língua real.
11. Gêmeos separados podem viver vidas semelhantes
E não são somente semelhanças físicas. Com quatro semanas de idade, Jim Lewis e Jim Springer foram separados e cada um deles teve uma família diferente. Quando se encontraram, anos mais tarde, descobriram que os dois tiveram um cachorro chamado Toy quando criança, além de terem carros, beberem cerveja e fumarem cigarros, tudo da mesma marca.
Uma das semelhanças mais marcantes é que ambos foram casados duas vezes. Seria normal, se os dois não tivessem as primeiras mulheres chamadas Linda e as segundas chamadas Betty. (Fontes: Brasil Post / The Huffington Post e Megacurioso)