Junto de outras sete obras de literatura (confira no final da matéria), os vestibulandos terão de responder questões acerca do terceiro álbum do conjunto paulista, uma mistura de canções ácidas de protesto que marcariam a carreira do nascente grupo a partir de então.
Cabeça Dinossauro é considerado um marco na música nacional e traz canções icônicas, como “Bichos Escrotos”, “Família”, “Homem Primata” e a música título, “Cabeça Dinossauro”, uma crítica ácida à vida em sociedade.
A faixa introdutória, feita durante uma viagem de ônibus do grupo, por sinal, foi um arroubo de inventividade: surgiu de um cântico Xingu trazido pelo vocalista Paulo Miklos ao grupo, que, em êxtase, logo encaixou – aos gritos – frases que remetessem à “Idade da Pedra” e à irracionalidade humana, como “pança de mamute” e “espírito de porco”. Tudo isso dentro de um ônibus em movimento e com um violão.
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Com canções compostas por todos os oito integrantes – Tony Bellotto (guitarra), Nando Reis (baixo e voz), Charles Gavin (bateria), Paulo Miklos (voz e sax), Branco Mello (baixo e voz), Arnaldo Antunes (voz), Marcelo Fromer (guitarra) e Sérgio Britto (teclados e voz) -, Cabeça Dinossauro surgiu da inquietação após a prisão de Arnaldo e Tony Bellotto por porte de heroína.
O álbum, com 13 músicas, representa, também, um momento de ruptura na carreira ao trazer uma sonoridade mais pesada ao grupo, que foi muito bem recebida pela crítica após o lançamento de “Televisão” (1985), embora as rádios resistissem em tocar canções muito críticas do álbum num primeiro momento.
O episódio da prisão foi combustível para a já crescente insatisfação dos músicos, que partiram para composições ácidas que misturavam punk, reggae e funk, embalados por letras críticas ao momento político brasileiro.
O país ainda passava por uma ditadura militar que, ainda que estivesse formalmente se desmanchando, mantinha-se suficientemente forte no imaginário popular. Isso tudo fermentou a guinada pesada na sonoridade do grupo.
DIÁLOGO COM OUTRAS OBRAS
A escolha do álbum musical para a prova, revela a coordenadora de Processos Seletivos (Cops), Sandra Garcia, é uma forma de ampliar os horizontes dos estudantes na hora do concurso. “A literatura é e sempre será uma característica forte nos nossos processos seletivos. A intenção (com o álbum musical) é de ampliar o repertório do estudante com obras contemporâneas e modernas. Iniciamos neste vestibular com um álbum muito instigante que trará uma nova forma de diálogo com a literatura”, comentou.
O Vestibular 2025 será realizado nos dias 17 e 18 de novembro, em fase única, com dois dias de provas. Para os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Artes Visuais, Design de Moda, Design Gráfico e Música será realizada prova de habilidades específicas, no dia 29 de setembro.
OBRAS INDICADAS PARA O VESTIBULAR UEL
1. O rei da vela – Oswald de Andrade;
2. O seminarista – Bernardo Guimarães;
3. Niketche – Paulina Chiziane;
4. Torto arado – ltamar Vieira Junior;
5. Melhores poemas – Fernando Pessoa;
6. Chove sobre minha infância – Miguel Sanches Neto;
7. Cartas chilenas – Tomás Antônio Gonzaga;
8. Cabeça dinossauro – Titãs.