O ex-lateral da seleção inglesa de futebol Graeme Le Saux disse que tem que ser feito muito mais para apoiar jogadores de futebol homossexuais.
Durante anos, Le Saux - que se aposentou em 2005 e tem agora 43 anos - foi vítima de boatos e alegações, nunca confirmados, de que ele seria gay.
"O importante não é se há ou não jogadores gays no futebol profissional", ele disse à rádio BBC Jersey.
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"O que importa é que o ambiente seja tal que se eles forem (homossexuais), sintam que podem se realizar e que a profissão os apoiará", acrescentou.
"No momento, não acho que isso exista".
"Acho que cabe ao futebol enfrentar esses demônios e dizer: 'Vamos defender as pessoas, qualquer que seja sua cor, fé ou sexualidade. Vamos dar a elas a oportunidade de se sentirem confiantes para tentar (a carreira)'".
As declarações acontecem num momento em que temas como o racismo e outras formas de discriminação geram debates acalorados no futebol britânico.
Na semana passada, o zagueiro John Terry, do Chelsea, foi destituído do cargo de capitão da seleção inglesa por decisão da federação inglesa de futebol.
Terry está sendo acusado de ter feito insultos racistas a Anton Ferdinand, zagueiro do Queens Park Rangers, e irmão do também zagueiro da seleção inglesa Rio Ferdinand, durante uma partida em outubro último.
Estilo Diferente
Le Saux começou sua carreira no time St Paul's, da ilha britânica de Jersey. A partir de então, jogou 513 partidas por clubes como Chelsea, Blackburn Rovers e Southampton.
Amante das artes e de antiguidades, sua recusa em abraçar o estilo de vida típico de jogadores de futebol deu origem a acusações, nunca provadas, de que ele seria gay.
O jogador, casado e pai, disse, no entanto, que não se arrepende por ter seguido seus princípios.
"Penso na minha carreira no futebol e talvez em alguns dos (pontos) negativos", disse. "Mas uma coisa boa é que sempre fui eu mesmo".
"Sempre respeitei meus princípios e encarei as coisas de frente, tanto emocionalmente como fisicamente."
Le Saux disse que sugerir a um jogador que mantenha sua sexualidade em segredo iria contra esses princípios.
"Por isso, dizer a alguém: 'Eu provavelmente seria discreto' vai contra os meus princípios".
"Mas acho que, na prática, essa era a cultura no futebol e, de certa forma, ainda é hoje".
A campanha de boatos em torno da vida pessoal de Le Saux culminou em um incidente no campo: em 1999, jogando pelo Chelsea, ele se atracou com o então jogador do Liverpool Robbie Fowler.
Momentos antes do incidente, Fowler foi visto em câmera fazendo gestos obscenos para Le Saux.
Le Saux acha que o caso fortaleceu o mito de que ele era gay.
"Foi humilhante em vários níveis, porque foi o culminar de muitos anos de abuso que eu tinha sofrido".
"Um jogador profissional de futebol e colega reforçar com seu comportamento rumores que vinham sendo espalhados a meu respeito foi uma ofensa muito grande".
"Falei com Robbie sobre isso depois quando nos encontramos na (para jogar pela) seleção da Inglaterra e ele nunca se desculpou, nem mesmo em particular".
Atualmente, não há jogadores assumidamente homossexuais no futebol profissional inglês.