Assolada por casos de corrupção, a Fifa recebe um sério alerta: futebol e ética não combinam mais. O recado é do juiz encarregado de julgar o caso da escolha do Catar para a Copa do Mundo de 2022, o alemão Hans-Joachim Eckert. Segundo ele, depois de avaliar a documentação da investigação conduzida por meses, ele afirma "ter sérias dúvidas se ética e futebol ainda combinam".
A investigação foi conduzida pelo promotor americano Michael Garcia e reuniu 200 mil páginas de documentação. Eckert estima que não terá uma posição sobre o caso antes de novembro. Mas insinua que o que está descobrindo não é nada positivo.
O processo averiguou se o Catar pagou pelos votos que o deram o direito de sediar a Copa de 2022, uma das decisões mais polêmicas da história da Fifa. Na investigação, o brasileiro Ricardo Teixeira é amplamente citado. Ele foi um dos cartolas que, quando ainda era presidente da CBF, votou pelo Catar.
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Hans-Joachim Eckert não garante que o processo será publicado. Mas, em um comunicado de imprensa emitido há duas semanas, a própria Fifa admitiu que Garcia sugeria que medidas fossem tomadas contra cartolas. O texto não deixa claro que isso significa punir os organizadores da Copa no Catar.
Uma semana depois, o CEO do Milan, Umberto Gandini, revelou à reportagem que o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, garantia que a Copa ficaria no Catar, alimentando a especulação de que a punição recairá sobre os cartolas que deram seus votos.
Mas o Catar não é o único escândalo que ronda a Fifa. A entidade examina neste momento a distribuição de relógios de luxo pela CBF para seus cartolas e foi obrigada ainda a afastar um dos controladores das contas da Fifa por suspeitas de corrupção. Eckert estará nesta sexta-feira em Zurique para um debate sobre ética no esporte. Mas há alerta: "muitos não vão gostar do que eu vou dizer a eles".