O ex-técnico são-paulino Emerson Leão não perdeu a oportunidade de responder às declarações de Adalberto Baptista proferidas na última semana. O diretor de futebol do Tricolor havia afirmado que não cederia o meia argentino Marcelo Cañete à Portuguesa caso a Lusa contratasse o treinador.
Em entrevista à Rádio Jovem Pan nesta terça-feira, Leão não poupou palavras para criticar a gestão de Adalberto à frente do futebol do São Paulo e declarou que as observações ditas pelo dirigente a seu respeito foram motivadas pelo voto de apoio do técnico à eleição de Marco Aurélio Cunha, hoje desafeto de Juvenal Juvêncio, para a presidência do clube do Morumbi. Ainda, disse que a relação com o ex-meia do Boca Juniors (ARG) e da Universidad Católica (CHI) era boa e "culpa" as seguidas lesões do argentino pela falta de oportunidades com ele.
Chegada de Cañete
"Quando cheguei, o São Paulo havia comprado o Cañete machucado. Gastaram um bom dinheiro e falaram maravilhas do Cañete. Mas infelizmente estava machucado e não pôde nem treinar comigo. Quando melhorou, e demorou muito para ele melhorar, foi escalado para o primeiro jogo que foi comigo, para entrar no segundo tempo contra o Vasco, no Rio de Janeiro. Sofreu lesão de ligamento, foi operado e ficou mais de ano parado e até agora não voltou a jogar direito. Ele nunca treinou coletivo comigo. Então ele (Adalberto) contou uma mentira, e homem não conta mentira. Se eu fosse o treinador da Portuguesa, seria com muito orgulho e levaria o Cañete sim do jeito que ele está, pois acho que ele tem bola pra jogar na Portuguesa, se movimenta muito bem. Mas se eu fosse o presidente da Portuguesa, jamais levaria o Adalberto como diretor. Por quê? Porque acho que diretor de futebol tem que entender de futebol."
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Os três exemplos que convenceram Leão de que Adalberto não entende de futebol:
1) "Logo na minha chegada, achei que o time precisaria para o futuro de um ou dois goleiros. Indiquei dois goleiros jovens, tinham que ser jovens para treinar, melhorar, para quando possivelmente o Rogério parasse, tivesse uma possibilidade de substituição uma vez que o segundo (Denis) já estava definido. Muito bem, ele (Adalberto) virou para mim e disse "eu não gosto dele, acho que não joga bem". Mas disse a ele que não perguntei se ele gostava, eu é quem tenho que gostar. Indiquei os dois goleiros do Atlético-MG, dois jovens que se revezavam na titularidade. Um deles era o Renan (Ribeiro), que por coincidência eles contrataram agora e em junho mais ou menos vai se incorporar ao grupo do São Paulo. Quer dizer, foi uma lástima o que ele disse. Essa é a primeira coisa para ver que ele não entende de futebol."
2) "Um dia (o Adalberto) chegou para mim como diretor de futebol, lógico, questão de hierarquia, de respeito, e perguntou "Leão, você conhece o Alex, jogador de futebol?". Disse que lógico que conhecia, meia-esquerdo fabuloso, um pouco velho para nós, mas fabuloso. Isso quando estavam procurando um meia esquerda. Mas aí ele disse "Não, quero saber se você conhece um beque central, grandão, moreno". Perguntei se ele estava brincando comigo, falando a verdade... Perguntei "por acaso você lembra quando eu treinei o Santos? Quem era o beque central, um juvenil, subiu comigo, foi campeão, vendido pro exterior? É o mesmo Alex?". Ele disse "não sei". Eu disse "Está bom, obrigado, não preciso falar mais nada."
3) "Terceira coisa que me convenceu: Peguei um vídeo para mostrar para ele os dois goleiros (do Atlético-MG). Ele disse que não precisava ver. "Vou ensinar você a assistir vídeo e analisar", falou. Falei "muito obrigado também, gosto sempre de aprender." Só por essas três coisas, ele me perdeu a confiança. Só o tratava - e a todos - com respeito, por questão de respeito, hierarquia. Mas não minta, é feio mentir."
Sobre 'não gostar de Osvaldo e Jadson'.
"(O Adalberto) Disse que eu não gostava do Osvaldo e do Jadson. O Osvaldo por várias vezes cobrei do Milton Cruz e a ele (Adalberto) a contratação. O Osvaldo era reserva do Ceará. "Cadê o Osvaldo, vai trazer?", eu sempre cobrava. É bom que o seu Osvaldo saiba disso também. O Jadson ficou quase dez anos fora do país, voltou completamente alheio ao que se jogava no Brasil. Era uma estrela lá (Ucrânia), foi convocado inclusive para a Seleção, mas estava completamente fora da realidade e por isso pagou no começo os efeitos dessa falta de realidade. Hoje ele está adaptado, correndo muito mais, está bem para o São Paulo. Então, para deixar bem claro ao torcedor, isso é outra mentira."