Presidente interino da CBF, o coronel Antônio Nunes é investigado pelo Ministério Público do Pará pela sua atuação como presidente da Federação Paraense de Futebol. Em 2011, 2012 e 2013, a entidade recebeu quase R$ 3,5 milhões de verba pública e agora os promotores querem saber como o dirigente gastou esse dinheiro.
Em 2011, a entidade recebeu R$ 1.375.810,00, sendo R$ 100 mil da Assembleia Legislativa do Estado do Pará e R$ 1.275.810,00 da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer. No ano seguinte foram mais R$ 1.105.810,00 da secretaria. Em 2013, a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer diminuiu o repasse à federação para R$ 1 milhão. Os documentos foram encaminhados à CPI do Futebol que tramita no Senado.
"O Governo do Estado patrocina o Campeonato Paraense de Futebol, por isso o Ministério Público pediu a prestação de contas da federação para saber se todo o dinheiro está sendo realmente investido no futebol", disse ao jornal O Estado de S.Paulo o promotor Sávio Rui Brabo de Araújo, titular da Promotoria de Justiça de Tutela das Fundações e Entidades de Interesse Social e responsável pelas investigação em curso nas contas da Federação Paraense.
Leia mais:
Londrina EC anuncia zagueiro campeão do mundo como reforço para 2025
Números do Botafogo contra o Palmeiras contrariam Textor
São Paulo joga por R$ 7 milhões e pode ser pivô em título e Z4
Corinthians não sente falta de protagonistas e decola com a força do grupo
Segundo o promotor, as investigações estão atrasadas porque o coronel Nunes entregou uma prestação de contas incompleta ao Ministério Público. "Tivemos de pedir que fossem apresentados os extratos bancários e estamos cruzando os dados. Esses procedimentos ainda estão em análise na Auditoria Contábil do Ministério Público porque cada um tem mais de 60 volumes de papel", disse Araújo.
O MP quer saber também se a administração de Coronel Nunes não usou verba pública para contratar serviços prestados por parentes. "Não é só uma análise formal. Vamos checar se os princípios da administração pública foram aplicados na gestão desses recursos financeiros. O presidente, por exemplo, não pode contratar pessoa com relação de parentesco ou afinidade", afirmou Araújo.
No mês passado, o Governo do Estado do Pará e a Federação Paraense assinaram um convênio que garante o repasse de mais de R$ 8 milhões à entidade. O montante envolve participações da Rede Cultura de Comunicação, do Banpará e da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (SEEL). O Ministério Público já avisou que também vai investigar a utilização desses recursos.
Por meio da assessoria de imprensa da CBF, Nunes afirmou que não comentaria as investigações do MP. Ele foi eleito vice-presidente da região Sudeste da CBF no fim do ano passado para a vaga que era ocupada por José Maria Marin, que está em prisão domiciliar no apartamento que possui em Nova York, nos Estados Unidos, e renunciou ao cargo por carta.
JOGADA - A eleição de Nunes foi uma manobra costurada por Marco Polo Del Nero, presidente licenciado da entidade. Aos 77 anos, Nunes passou a ser o vice-presidente mais velho da entidade, superando Delfim de Pádua Peixoto, presidente da Federação Catarinense, que é opositor de Del Nero e tem 74.
Del Nero indicou Nunes para ficar na presidência da CBF durante o período em que ele estiver licenciado. Se o presidente renunciar ou for afastado do cargo pela Fifa (hipótese bastante provável), quem assume a entidade é o vice-presidente mais velho, que no caso é o próprio dirigente paraense.