O Ministério Público do Trabalho no Paraná (MPT-PR) entrou na Justiça contra o Atlético Paranaense por causa de irregularidades em contratos com atletas da categoria de base mantidos em convênio com o Clube Andraus do Brasil, localizado na cidade de Campo Largo, região metropolitana de Curitiba. Os atletas estariam sem assistência médica e educacional, não teriam garantias em programas de treinamento e eram mantidos em espaços inadequados, segundo o MPT.
A Procuradoria do Trabalho recebeu uma denúncia de que no Clube Andraus os atletas de base estariam em situação irregular para a formação profissional esportiva. A procuradora Christiane Lopes, do MPT, explicou que, em entrevista com os funcionários do clube, o MPT foi informado que haveria uma parceria entre os dois clubes: o Andraus oferece os espaços e os treinadores e o Atlético-PR, por meio de olheiros, buscaria jovens interessados em participar do programa.
Porém, segundo a procuradora, os locais para abrigar os adolescentes eram inadequados. "O alojamento estava sem limpeza, não havia lavanderias – os jovens tinham que lavar a própria roupa – não havia armários suficientes, banheiros estavam desativados e os banhos eram apenas no alojamento", diz a procuradora.
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Além disso, Christiane explica que os clubes não ofereciam atendimento médico e não realizavam acompanhamento educacional. "Na hipótese de contratação ou outro curso, tem que ter o acompanhamento para transferência ou manutenção nas escolas para aqueles que eles decidem alojar e dar formação profissional", explica.
Contratos - outro problema encontrado foi no contrato com os adolescentes. Um teste era realizado, segundo a procuradoria, e que determinava quais atletas iriam para o Atlético-PR. Aos que não eram aprovados, era oferecido um treinamento chamado de "Clínica" no Andraus, por 30 dias, mas havia a cobrança de R$ 1,5 mil, o que, segundo a Lei Pelé, é ilegal, diz a procuradora.
A procuradora entende que houve exploração por parte dos clubes para com os adolescentes. "Eles não estavam lá brincando, não estavam em colônia de férias. Estavam sim sob a promessa de um trabalho", pondera.
Christiane lembra que tanto o Atlético-PR quanto o Andraus são reincidentes. O clube dirigido por Mário Celso Petraglia havia, em 2008, firmado acordo parecido com outro clube, o CAPA, para realizar o mesmo procedimento. Já o clube conveniado, pela terceira vez, oferecia situação inadequada para abrigar os adolescentes. "Inclusive havia jovens com menos de 14 anos, o que é proibido", diz a procuradora.
O MPT-PR pede que o Atlético-PR passe a assumir a responsabilidade pelos atletas em convênios com outros clubes. A procuradoria também pleiteia condenação no valor de R$ 500 mil por danos morais coletivos. Quanto ao Andraus, o pedido é novamente para comprometimento na adequação das instalações.
A reportagem procurou o clube de Campo Largo, por meio do número de telefone disponível no site da instituição. O funcionário que atendeu ao telefone, ao saber que se tratava da imprensa, informou que o telefone era de uma pedreira. A assessoria do Atlético-PR foi procurada, mas não atendeu às ligações.