O ex-jogador de futebol Zico admitiu se candidatar para a presidência da Fifa, mas somente se houver mudanças nas regras eleitorais vigentes, que para ele dão brecha para corrupção. Em entrevista nesta quarta-feira, na sede de seu clube, o CFZ, ele afirmou ser mais fácil pleitear o comando da entidade internacional do que da CBF. Zico também alfinetou jogadores da seleção, que, na sua avaliação "ficam quietos" apesar da visibilidade que têm.
Atualmente, é necessário o apoio de ao menos cinco federações nacionais para lançar uma candidatura à presidência da Fifa, além de ter trabalhos recentes no meio do futebol, que para Zico é o quesito que deve ser mantido. "Serão necessárias mudanças de regra do jogo, com as que estão aí não há possibilidade de concordância. A exigência de cinco federações é o prenúncio da corrupção."
Zico também pensou na hipótese de se candidatar ao comando da CBF, mas considera uma missão quase impossível, já que é necessário o apoio das federações estaduais que, segundo ele, "são fechadas com a atual direção da entidade". "O ideal era tentar, primeiro, no Brasil. Mas é mais fácil conseguir o apoio de cinco federações ao redor do mundo que se candidatar à CBF."
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A experiência na política, como secretário nacional de Esportes no governo de Fernando Collor, e como atleta e técnico por vários países, é o trunfo de Zico. "A candidatura tem uma vida. Ajuda o fato de ter passado por vários continentes e ter criado uma história em alguns deles".
O ex-jogador também frisou que tem experiência no trabalho de gestão. "Além de secretário de Esportes, fui presidente do sindicato dos atletas e ajudei na legislação esportiva", ponderou.
Um de seus possíveis adversários na eleição da Fifa é o francês Michel Platini, presidente da Uefa. E Zico afirmou que o também ex-jogador é uma de suas inspirações para a candidatura. "O Platini só teve um cargo, no comitê de organização da Copa da França (1998), antes de chegar à Uefa. E está fazendo um ótimo trabalho lá", considerou.
Zico também elogiou o Bom Senso FC. "Fico feliz com o Bom Senso porque é formado por jogadores que ainda estão em atividades, mas a maioria dos cabeças foram retirados dos times (por represália)", afirmou.
O ex-jogador, porém, criticou o silêncio de jogadores da atual seleção brasileira. "Eu não sei se os atletas de hoje estão a fim de serem ajudados. Os jogadores da seleção brasileira têm mais visibilidade, mas ficam quietos", apontou Zico.
"Quanto ao (atual presidente da CBF, Marco Polo) Del Nero, não o conheço bem. Mas sempre vimos ele e o Marin juntos, então acho difícil ele não saber de tudo. Sobre a renúncia, ele sabe do momento dele", considerou Zico. E, como se já estivesse em campanha, deixou uma frase que pode servir como lema. "Agora enxergo uma possibilidade de mudança. Minha voz pode ajudar outras vozes do esporte a lutar contra a corrupção."
CARREIRA - Anos após encerrar sua carreira como jogador no Brasil, Zico passou a difundir seus conhecimentos de futebol como técnico em países em que o esporte não é tão popular. Primeiro, foi treinador do Kashima Antlers, do Japão, e, em seguida, assumiu a seleção do país para a disputa da Copa do Mundo de 2006.
Depois do Mundial, Zico se transferiu para o Fenerbahçe, da Turquia, clube que treinou por dois anos. Em 2009, recebeu o desafio de conduzir o Bunyodkor, do Uzbequistão, por uma temporada. Nos anos seguintes, comandou por períodos mais curtos o CSKA Moscou, da Rússia, o Olympiakos, da Grécia, a seleção do Iraque e o Al Gharafa, do Catar. Atualmente, Zico é técnico do Goa, da Índia, país que começa a abrir as portas para o futebol.