Uma das modalidades mais antigas dos jogos olímpicos, a luta olímpica ainda não é popular no Brasil, mas seus golpes já começam a ser aplicados em Londrina. Democrático e sem exigir caros equipamentos, o esporte passou a ser ensinado gratuitamente em um projeto social na zona sul da cidade. Além de vislumbrar uma participação futura nas Olimpíadas do Japão, em 2020, os participantes já contabilizam inúmeros benefícios para a saúde mental e física.
"Estou achando maravilhoso, comecei há duas semanas. Sinto uma melhora física muito grande. Tenho labirintite, sinusite, asma e, desde que comecei a praticar, os sintomas diminuíram. Passei a ter mais resistência física, mental e aprendi a controlar melhor a respiração. Abandonei os medicamentos e diminui o uso da bombinha de asma", comemora a estudante Vitória Siqueira, 15 anos, moradora do Conjunto Maria Cecília, zona norte.
A quase três mil quilômetros da sua cidade natal, Aurora, no Ceará, Marcos Vinícius de Araújo, 16, encontrou na luta olímpica uma maneira de fazer amizades. "Tinha outra visão deste esporte. Esperava encontrar só pessoas musculosas e mal humoradas. Me surpreendi e só fiz amizades. Vi que aqui impera o respeito e, como não sigo padrões e ideais da mídia, que só tem pessoas com corpos esculturais, me encontrei nesta modalidade", revela o jovem, após o primeiro contato com uma arte marcial.
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Orestes Betran, idealizador do "Projeto Social de Luta Olímpica Armis Training Center", como foi batizado, explica que o objetivo é popularizar a modalidade na região. No estado, a luta olímpica brasileira é dirigida por Sérgio Oliveira (presidente da Federação Paranaense de Lutas Associadas), um dos maiores incentivadores do projeto. "Nesta modalidade, o país distribui uma grande quantidade disponível de 'bolsa atleta', do Governo Federal, mas faltam competidores para ocupá-las. Como o presidente tem a intenção de desenvolver novos talentos na modalidade, passamos a oferecê-la gratuitamente na academia", comenta Betran, que é lutador profissional de MMA. O programa federal "bolsa atleta" garante condições mínimas para que atletas se dediquem ao treinamento e competições locais, nacionais e fora do país.
Desempenho escolar garante vaga
Como a arte marcial não é muito difundida por aqui, Orestes Betran foi estudá-la na América do Norte. "Morei por três anos no Canadá, onde aprendi o esporte. Hoje tenho a oportunidade de passar meu conhecimento para frente, além de formar um profissional de caráter, caso ele não consiga se tornar um campeão", avalia o professor. "Mas não é só chegar aqui e treinar. O adolescente tem que estar estudando, ter notas boas e ser um bom filho dentro de casa. O projeto pretende ainda tirar os jovens da ociosidade e das ruas", comenta ele sobre os passos da turma. "O primeiro desafio desta turma será nos Jogos Escolares do Paraná, que ocorre agora, no mês de agosto, em Arapongas. Quero levar pelo menos sete atletas deste projeto."
Para participar do projeto, Betran afirma que a modalidade não exige grandes investimentos. "Vejo como um esporte democrático. O atleta não terá custos, não precisa comprar quimono, por exemplo, que custa R$ 300, ou luvas. Além disso, a luta olímpica permite que um lutador baixinho supere sem problemas um gigante", comenta ele sobre a arte marcial, que utiliza técnicas de agarramento,clinch, arremessos, derrubadas, chaves, entre outras.
"Convido os jovens de todas as regiões, com idades entre 12 e 16 anos de idade. Ainda há vagas, basta me procurar na Armis Training Center, Avenida Garibaldi Deliberador, n° 906, das 15h às 16h30, terças e quintas-feiras. Nosso telefone é (43) 3354-9931", finaliza o atleta.