Com facilidade, a sul-africana Caster Semenya conseguiu vencer a prova de 800 m feminina na noite deste sábado (20), no Engenhão, com um tempo impressionante de 1:55.28.
No entanto, a vitória da atleta é mais complexa do que parece. Há alguns anos, Semenya protagonizou uma polêmica: a de que atletas intersexuais devem ou não competir profissionalmente.
O caso tomou notoriedade durante o Mundial de Atletismo de Berlim de 2009, quando, na época com apenas 18 anos, a sul-africana impressionou o mundo ao fazer uma marca incrível nos 800 metros, deixando todas as outras competidoras para trás.
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O desempenho tão bom e incomum para uma mulher de sua idade fez com que teorias de doping surgissem. No entanto, após inúmeros testes e exames, descobriu-se que Semenya era uma atleta intersexual, ou seja, quando uma pessoa possui variações em algumas características corporais que diferenciam homens e mulheres geneticamente.
Para a atleta, seu corpo produz um nível de testosterona e de outros hormônios masculinos muito mais elevado do que da maioria das mulheres, o que é chamado hiperandrogenismo.
A descoberta fez com que a sul-africana ficasse no centro das atrações além de sofrer com preconceito pelo seu corpo ser mais masculino. Manchetes de jornais perguntavam se ela era homem ou mulher e se devia realmente concorrer em competições.
A partir desse momento, a Associação Internacional de Federações de Atletismo (Iaaf) afirmou que a condição de Semenya e de outras atletas na mesma situação deveria ser considerada como uma vantagem injusta em relação às demais competidoras.
Sendo assim, a associação decidiu que todas as atletas intersexuais com hiperandrogenismo poderiam competir, mas com um tratamento que diminuísse o nível de testosterona abaixo do permitido.
Com essa medida, os tempos da sul-africana nas corridas ficaram piores. No entanto, uma outra atleta intersexual, a indiana Dutee Chand, apresentou um recurso contra o regulamento da Iaaf.
Os argumentos de Chand foram aceitos pelo Tribunal de Arbitragem Esportivo (TAS) e a medida agora está suspensa até julho de 2017, permitindo com que Semenya competisse na Rio 2016 sem os medicamentos.