As medidas de prevenção estabelecidas para o combate à pandemia do novo coronavírus, com o fechamento de alguns estabelecimentos comerciais e a determinação de distanciamento social, também afetaram a rotina de petshops e clínicas veterinárias.
Apesar de considerados serviços essenciais, eles têm funcionado com algumas restrições, como por exemplo em relação aos serviços de banho e tosa, que não estão autorizados em muitas localidades do país.
De acordo com Hannah Salmen, analista do Sebrae, agora é o momento de buscar diminuir os prejuízos causados pela pandemia e aproveitar o período de confinamento em casa para incentivar, junto aos clientes, atividades que possam gerar mais conexão entre o tutor e os seus bichinhos de estimação.
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"Passar mais tempo em casa significa ampliar essa conexão, estar mais atento à sua alimentação, ao enriquecimento ambiental, com atividades que possam demandar brinquedos e outras atividades”, analisou.
A Vetvida, clínica veterinária de Cambé, única da cidade que funciona 24 horas por dia, manteve apenas os atendimentos de urgência e emergência. A veterinária Maria Eliza de Paula Casimiro conta que as consultas foram espaçadas a cada uma hora.
"Orientamos que apenas uma pessoa entre com o paciente e que todos usem máscaras. Para quem não tem, a gente fornece”, afirma. A clínica também intensificou a higienização dos ambientes e disponibilizou álcool gel para colaboradores e clientes. O tempo de visita aos animais internados foi reduzido a cinco minutos e restrito a apenas uma pessoa.
A veterinária diz que os clientes foram instruídos, quando possível, a postergar as datas das vacinas. Porém, intensificou o serviço de consulta e vacinação a domicílio. No período em que outras clínicas veterinárias ficaram fechadas na cidade, a Vetvida atendeu a demanda, porém, o perfil dos problemas e do público mudou.
"As pessoas demoravam mais para trazer o animal até a clínica, tanto para evitar gastos como porque não queriam sair de casa”, comenta. Sem o apoio das ultrassonografistas que prestam serviços para a empresa e suspenderam temporariamente o atendimento, Maria Eliza afirma que foi necessário realizar diagnósticos sem o pedido de exames ou encaminhar alguns casos para Londrina. "O nosso movimento não diminuiu”, comemora.
Patricia Cilene Thiesen, sócia da Zeal, petshop de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, implantou uma redução no horário de atendimento presencial e intensificou os serviços de "leva e traz” dos pets para banho e tosa. Além disso, a empresa reforçou medidas de sanidade com a utilização de álcool e higienização frequente de toda a loja e passou a exigir o uso de máscaras em seu interior.
"Sentimos que houve uma contenção de gastos por parte dos nossos clientes, mas todos aceitaram bem as mudanças que promovemos. Estamos oferecendo produtos com melhores condições de pagamento, além de combinar horários agendados e serviços sob demanda. Tivemos que nos adaptar a esse novo momento, mas o consumo ainda acontece com frequência”, afirma ela.
Em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, a gerente administrativa da Auqmia Clínica Veterinária, Suelen Lasquevski, antecipou o lançamento de um aplicativo que permite aos tutores de animais programar consultas com antecedência e observar o calendário de vacinas. A ideia inicial, segundo ela, era lançar o aplicativo em setembro deste ano.
"Diante da pandemia e do risco de contágio resolvemos disponibilizar a ferramenta aos nossos clientes evitando, desta forma, aglomeração de pessoas dentro da clínica. Além disso, incentivamos a medicina veterinária preventiva, fazendo com que os tutores tenham no alcance de suas mãos uma ferramenta para auxiliá-los a fazer um follow-up da saúde do seu animalzinho, com consultas programadas e observação do calendário de vacinas”, diz.
Em recente pesquisa de impacto do coronavírus nos pequenos negócios, o Sebrae identificou que o segmento de petshops e serviços veterinários registrou queda de 51% no faturamento, no período do levantamento, entre os dias 3 e 7 de abril.
Além disso, 54% das micro e pequenas empresas do setor avaliaram que mudaram o modo de funcionamento para se adaptar ao novo cenário, sendo que a maioria delas (74%) estão fazendo rodízio de funcionários e (15%) realizam serviços via drive thru.
Mesmo no cenário de crise, é possível agregar novos serviços às atividades já existentes, como horários exclusivos de atendimento, aulas de adestramento online, dicas de higienização, clubes de assinatura, dentre outras práticas criativas. Para investir no relacionamento e na fidelização dos clientes, é recomendado promover conteúdo de qualidade nas redes sociais e comunicação constante com o cliente, propondo ações criativas, inovadoras e de baixo custo.