Nas últimas semanas, o mundo todo foi surpreendido por um surto do novo coronavírus que já infectou mais de 24 mil pessoas em 26 países. Identificado inicialmente na China no final do ano passado, onde já contabilizou mais de 500 mortes, o vírus é um novo agente pertencente à família coronavírus, conhecida por infectologistas desde a década de 60, e responsável por provocar infecções respiratórias e sintomas semelhantes aos de gripes e resfriados como tosse e febre.
No Brasil, surgiram alguns casos suspeitos não confirmados, mas o fato da origem da epidemia estar sendo associada a um mercado público de comercialização de animais selvagens vivos em Wuhan, na China, tem preocupado tutores de pets quanto à contaminação de animais de estimação.
Karla Bruning de Oliveira, médica veterinária da Esalpet, esclarece que cães e gatos podem sim contrair o coronavírus, mas em suas configurações caninas e felinas, que não são transmitidas para os humanos.
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"A coronavirose é uma doença comum em cães e gatos. Nos cães, a forma mais registrada é a gastroentérica, transmitida por meio do contato com fezes contaminadas. Ela causa sintomas muito semelhantes ao da parvovirose, como vômito e diarreia com perda de sangue. O vírus destrói as vilosidades do intestino do animal e provoca gastroenterite hemorrágica”, explica. "Nos gatos, a coronavirose é causadora da peritonite infecciosa felina, uma doença grave também transmitida pelo contato com as fezes”, acrescenta.
Quanto à fatalidade da infecção por coronavírus nesses animais, a profissional destaca que a coronavirose felina não tem cura e o tratamento consiste em melhorar a imunidade do gato com o intuito de diminuir a progressão da doença, mas a maioria dos tutores e veterinários acaba optando pela eutanásia.
Já nos cães, a doença muitas vezes vem acompanhada de outros vírus, como o da parvovirose. Quando a infecção é mais branda, por um único vírus, o tratamento é mais eficaz, e o internamento com medicações adequadas tem diminuído significativamente o número de óbitos”, garante. Estar atento aos sintomas e procurar orientação veterinária aos primeiros sinais incomuns, também, é crucial para a saúde do animal.
"Nos gatos, os sintomas podem variar dependendo da resposta imune do organismo, mas em grande parte dos casos é possível identificar, perda de apetite e peso, aumento gradual do abdômen, febre persistente, pelagem sem brilho, alteração neurológica como a queda da traseira, e algumas vezes infecções oculares, alteração de cor e irregularidade nas pupilas. Nos cães, o vírus coloniza o intestino, portanto os sintomas sempre são associados a esse órgão como diarreia aguda, vômitos, dor abdominal, dificuldade em defecar e desidratação”, ressalta.
Prevenção - Doenças virais sempre incluem protocolos de prevenção e, no caso da coronavirose felina, existe uma vacina importada disponível, mas a sua proteção é controversa, e alguns gatos não respondem bem. "No Brasil, a vacina contra coronavirose felina não faz parte do quadro de vacinação, portanto a melhor forma de prevenir é sempre manter o local onde o gato vive limpo e higienizado. O mesmo vale para os cães quanto a higiene, além disso, é fundamental manter as vacinas polivalentes em dia, respeitando os esquemas iniciais e anuais de vacinação”, destaca a médica veterinária.
A profissional ainda lembra da importância dos tutores, também, manterem hábitos regulares de higiene. "Embora o agente do coronavírus que atinge os cães e gatos não sejam transmissíveis aos humanos, esta é uma família viral que sofre mutações constantes, por isso é fundamental higienizar as mãos, manter o ambiente sempre limpo e evitar o acúmulo de fezes de animais e casa”, completa a especialista.