Com o intuito de frear a proliferação do mosquito Aedes aegypti, observada devido ao crescente número de casos de dengue em Londrina, a Prefeitura do Campus Universitário vem intensificando as ações de limpeza e remoção de possíveis criadouros na UEL.
As ações se mostram necessárias uma vez que o município de Londrina registrou crescimento de 40% no número de casos de dengue na segunda semana de abril em comparação com o início do mês.
Ao mesmo tempo, a UEL realiza o monitoramento do índice de infestação do mosquito e a captura dos ovos por meio de armadilhas.
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Conforme o balanço mais recente divulgado pelo Programa de Atendimento à Sociedade (PAS) – “Vigilância e Controle Biológico do Aedes”, 5.499 ovos do mosquito transmissor da dengue e da chikungunya foram capturados durante o mês de março nos cerca de 1,5 milhão de m² do Campus da UEL.
O prefeito do Campus Universitário, Luiz Cláudio Buzeti, explica que as equipes de limpeza realizam a remoção de possíveis criadouros constantemente durante a coleta do lixo.
No entanto, o enfrentamento à dengue exige a realização de mutirões envolvendo, também, a verificação dos telhados, calhas, equipamentos, e de pontos de difícil acesso, incluindo buracos em árvores que podem acumular água, exemplifica.
Ele conta que servidores foram mobilizados para uma ação de limpeza durante o recesso das atividades acadêmicas e administrativas em razão do feriado da Páscoa.
“Aproveitamos um dia de menor movimento. Foram encontrados vários focos, garrafas PET, copinhos, os clássicos recipientes para o mosquito se desenvolver. Foram retirados também restos de ferragens, tubulação de ar-condicionado, restos de materiais e instalações. Infelizmente, algumas pessoas também jogam lixo, muitas vezes, até pela janela do carro, na PR-445, e esse lixo acaba vindo para o Campus”, lamenta.
O descarte irregular de lixo e entulho nas proximidades da PR-445 é preocupante, avalia o prefeito do Campus. No entanto, a Universidade não foi notificada por parte dos agentes de endemias do município ao longo deste ano, o que pode indicar que o controle dos focos do mosquito está sendo eficaz, avalia.
“O lixo que é deixado nos latões é recolhido todos os dias, mas, porventura, algum recipiente é deixado no gramado, na região da PR-445. São milhares de carros diariamente. Então, vamos fazer ao menos uma vez por mês os mutirões. Conseguimos ter uma flexibilidade aos finais de semana ou mesmo durante a semana com os terceirizados e o nosso pessoal também”, explica Buzeti.
CIDADE EM EMERGÊNCIA
Na última sexta-feira (14), a Prefeitura de Londrina decretou estado de emergência epidemiológica para o combate à dengue. A partir da publicação da medida, mutirões para a remoção de criadouros foram realizados em localidades que registram maiores índices de infestação do Aedes aegypti.
Na manhã deste sábado, os trabalhos foram concentrados no Conjunto Vivi Xavier, na Zona Norte.
De acordo com o boletim da Secretaria Municipal de Saúde, Londrina registra 15,6 mil notificações de casos de dengue, com 2,5 mil casos confirmados e três óbitos desde agosto do ano passado, que é quando teve início o período epidemiológico.
A ampla maioria dos casos (42%) está concentrada na Região Norte da cidade, seguida de 20% dos casos na Região Oeste, 13% na Leste, 11,9% no Centro e 8% na Região Sul. Mais de 98% dos focos do mosquito estão nas casas.
ARMADILHAS
A UEL realiza o enfrentamento à dengue por meio do Grupo de Trabalho de Vigilância e Controle do
Aedes aegypti da UEL (GT Aedes UEL) desde 2016. O trabalho de monitoramento no Campus é realizado com 61 ovitrampas, que são armadilhas em vasos de plantas que simulam o ambiente perfeito para a procriação do Aedes aegypti.
O equipamento coleta os ovos da fêmea e indica a presença de mosquitos em um raio de até 200 metros, explica o professor do Departamento de Biologia Vegetal e Animal, do Centro de Ciências Biológicas (CCB) e responsável pelo GT Aedes, João Antônio Cyrino Zequi.
De acordo com o Grupo de Trabalho, 5.499 ovos do mosquito foram capturados pelas armadilhas durante o mês de março. Somados aos números referentes aos meses de fevereiro (3.573) e janeiro (2.790), o total de ovos retirados da natureza atingiu 11.862 apenas em 2023.
Atuando ao lado do Laboratório de Entomologia Médica, o GT Aedes UEL também vem colocando em prática a campanha “10 Minutos de Combate ao Aedes na UEL”.
Esta ação consiste na veiculação de um checklist contendo mais de 20 itens que precisam ser verificados semanalmente, como baldes, garrafas, pneus, pratos de vasos, lajes, lonas de cobertura e caixas-d ‘água.
Ainda conforme o professor, mosquitos adultos capturados pelas armadilhas também estão sendo examinados para a investigação do vírus. “Na últimas avaliações não foram encontrados vírus nos mosquitos” ,explica Zequi.
Além destas ações, o GT Aedes UEL também mantém expostos pelo Campus banners contendo informações importantes, como o número do Disque-Dengue (0800 400 1893), serviço que pode ser utilizado para denúncias de potenciais criadouros do mosquito pela cidade ou para a remoção de larvas em locais de difícil acesso.
Esta ação conta com a parceria da Secretaria Municipal de Saúde de Londrina e do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Consemma).