A Brazos Nutricional, pesquisa feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), divulgada em setembro de 2007, nos deixou perplexos... Apesar das várias opções de frutas, legumes e verduras que o Brasil planta e exporta todos os anos, não aproveitamos essa riqueza de nutrientes. O estudo envolveu 150 municípios brasileiros e entrevistou 2.240 pessoas de todas as classes sociais e descobriu que o consumo de vitaminas e sais minerais está abaixo das recomendações em 90% da população.
Os vegetais, incluindo frutas, verduras e legumes, ainda são as melhores fontes de fibras, vitaminas e sais minerais essenciais para melhorar o bom funcionamento do organismo. Esses nutrientes, por serem calculados em miligramas e microgramas, são conhecidos como micronutrientes. São tão importantes para a saúde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Panamericana da Saúde (OPAS) concluíram que, pelo menos 60% das mortes em todo o mundo poderiam ser adiadas, ou mesmo evitadas, se as pessoas adotassem posturas mais saudáveis diante da vida, dentre elas, o consumo de no mínimo cinco porções (ou 400 gramas) dessa categoria de alimentos por dia. "Frutas e hortaliças são mais facilmente incorporadas ao cardápio, quando fazem parte dele desde a infância. Pais que normalmente não comem esse tipo de alimento, involuntariamente, transmitem esse hábito aos filhos", diz a endocrinologista da Clínica Genesis, Silvia Hashimoto Toledo.
E por não apreciarem o sabor sutil das frutas, geralmente, eles não são criativos, não sabem como prepará-las ao gosto infantil, se contentam com a primeira alegação da criança de que não quer a maçã... E cedem à tentação do biscoito recheado, do salgadinho em pacote industrializado, da barra de chocolate... "Esses últimos alimentos são muito mais gostosos, pois são ricos em gordura, o ingrediente que faz tudo ficar mais saboroso. O sabor exacerbado dos alimentos industrializados faz com que a pêra pareça sem graça, sem atrativos. Logo, é na primeira infância que devemos lançar a semente dos bons hábitos alimentares, que vão assegurar um crescimento saudável. Não podemos perder esta chance única", defende a endocrinologista Silvia Toledo.
Leia mais:
'Caso Panetone' reacende debate sobre contagem de calorias e terrorismo nutricional nas redes
Uso de creatina não é para todos e consumo em excesso pode ser prejudicial
Confira cinco mentiras sobre alimentação que sempre te contaram
Relatório aponta que 28% dos alimentos industrializados têm sódio em excesso
Apresentando sabores
Embora a maioria das mães fique ansiosa para oferecer o primeiro suco de frutas para seus filhos, é sempre importante lembrar que os bebês devem ser alimentados, exclusivamente, com leite materno, pelo menos até o sexto mês de vida. Somente após essa idade é que o organismo estará pronto para receber outros alimentos", explica a endocrinologista.
Assim, sucos, chás e água só devem ser oferecidos quando o bebê tiver completado seis meses de vida. "Apenas quando os bebês não estão evoluindo bem, apenas com o leite materno, outros alimentos podem ser introduzidos a partir do quarto mês", diz Silvia Toledo.
A médica destaca que o mais importante é que os pais não ofereçam outro alimento para o bebê antes de ele completar quatro meses de vida, esteja ele se alimentando com o leite materno ou outro leite. "Como o sistema digestivo do bebê ainda não está preparado para receber essas substâncias, alguns problemas podem aparecer: alergias alimentares, intolerâncias, diarréias, anemia, desnutrição ou excesso de peso", diz a médica.
Questão de estratégia
Para a frustração de muitas mães, geralmente os bebês não aceitam bem a introdução de novos alimentos em sua dieta e fazem caretas intermináveis ao provarem as primeiras frutas. "A rejeição é normal, pois sai de cena o leite e entram novos alimentos que têm sabores, cheiros e texturas diferentes das do leite materno. Com o passar dos dias, o bebê vai se acostumando e passará a aceitar melhor as frutas", conta Ana Paula Mendonça, nutricionista da Clínica Genesis.
Ana destaca que "o mais importante é lembrar que a recusa - seja do suco ou da fruta raspadinha - é normal, aceitável e passageira", diz. E diante de recusas, os pais devem oferecer outra fruta, que agrade mais o paladar do bebê. Não há restrições para as frutas que podem ser ofertadas aos bebês. "Só há restrições alimentares para os bebês que apresentam alergia ou que têm pais com alergias", recomenda a nutricionista.
É importante que ao preparar as frutas e os sucos de frutas que serão oferecidos ao bebê, os pais tenham cuidado com a higienização adequada das frutas. O fato de não consumir a casca de algumas frutas não elimina a necessidade do completo processo de higienização. "É importante que no momento inicial da oferta de novos alimentos, as frutas não sejam misturadas, para não tornar esse aprendizado mais difícil. Os pais também não devem adoçar os sucos, nem com açúcar, nem com mel, que pode conter a toxina que causa o botulismo. Para introduzir esses dois alimentos, os pais devem esperar o bebê completar o primeiro ano de vida", recomenda Ana Paula Mendonça.