Além de calórico, o consumo exagerado de pães, massas, cerveja e produtos industrializados é apontado como responsável pelo surgimento de uma reação negativa ao organismo originada pelo consumo de glúten, proteína encontrada em alimentos como a cevada, o trigo e o centeio, provocando uma sensibilidade e sinônimo de doença para cerca de 1% da população brasileira. A intolerância ao glúten tem como principal sintoma a diarréia, mas alguns outros indícios também são perceptíveis como a anemia, prisão de ventre, osteoporose, perda de peso e dificuldade de crescimento.
Segundo a gastroenterologista e médica do Hospital Universitário da USP, Dra. Maíra Camara dos Santos, a doença ocorre quando o glúten é ingerido e não há a boa assimilação da proteína, ocasionando lesões na mucosa do intestino. Quanto maior a ingestão da substância, menor é a assimilação dos alimentos, fazendo com que o intestino o rejeite. "Os desconfortos abdominais, sobretudo a diarréia, são as principais queixas dos pacientes. Estudos têm observado também a relação da enfermidade com abortos de repetição (caracterizado pela perda natural do bebê duas ou mais vezes antes de completar a 20ª semana de gestação)", revela a especialista.
A intolerância ao glúten, conhecida também como doença celíaca, pode ser de caráter hereditário e surgir em qualquer idade, e é cada vez mais frequente o aumento de diagnósticos, já que muitos indivíduos podem ter a doença e nem ao menos desenvolver qualquer um dos sintomas.
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Ao tomar conhecimento da gravidade da doença, o governo federal sancionou a Lei 10.674, em 16/05/2003, obrigando as empresas alimentícias a explicitarem nos rótulos de seus produtos a presença ou não de glúten nos produtos, com as inscrições "contêm Glúten" ou "não contém Glúten", como medida preventiva e de controle da doença celíaca.
Convivendo com a intolerância
Excluir do cardápio produtos industrializados com a presença de glúten como a cerveja, pães, massas e biscoitos é um desafio para aqueles que adoram este tipo de comida. "Alguns pacientes demonstram dificuldade em abrir mão mesmo com o diagnóstico da doença em mãos", adverte a Dra. Maíra Camara.
Como os sintomas são semelhantes aos de outras patologias, o diagnóstico é considerado difícil. No entanto, o fácil acesso à informação mais completa do produto tem permitido aos especialistas distinguir certas características presentes apenas nos casos de intolerância ao glúten, como o tipo de alimento ingerido e suas consequências. Mediante a suspeita da doença, o indivíduo é submetido a um teste de endoscopia com biopsia, no qual é retirada uma amostra do duodeno (primeira parte do intestino delgado) para análise.
Frente à confirmação do quadro, o tratamento consiste, basicamente, na exclusão da proteína da alimentação. Nesses casos, o paciente precisa compreender que o ideal não é reduzir o consumo e sim abolir definitivamente o glúten das suas refeições, já que uma porção mínima da substância pode restabelecer a doença. Na hora da compra, conferir a procedência do alimento e conferir os ingredientes presentes nos alimentos são medidas certeiras no controle da enfermidade.
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