De acordo com Giane Bientinez Sprada, PhD e coordenadora do curso de Nutrição da UFPR, a diferença que existe entre um praticante de atividade física e um atleta pode ser exemplificada no próprio lema olímpico que diz: Citius, Altius, Fortius, que em latim significa "mais rápido, mais alto, mais forte".
Para uma atividade física ser classificada como esporte, ela deve ocorrer em circunstâncias muito específicas que prevê alguma forma de competição ocorrendo sob condições formais e organizadas. Competição neste caso é definida como um processo através do qual o sucesso é medido diretamente pela comparação das realizações daqueles que estão executando a mesma atividade física, com regras e condições padronizadas.
Portanto o praticante de atividade física está envolvido em modalidades esportivas sem o objetivo de competir e sim com a finalidade de: manter uma boa qualidade de vida e saúde física e mental; interagir socialmente com grupos específicos; lazer ou diversão.
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Consequências de uma dieta com baixo teor de carboidratos
Segundo a PhD em Nutrição, os carboidratos são a principal fonte de energia para o funcionamento do nosso corpo. Uma dieta isenta ou com baixo teor de carboidratos, pode acarretar a depleção de glicogênio muscular acelerando o processo de fadiga e diminuindo o desempenho físico. Além disso, a carência do carboidrato gera o uso inadequado dos aminoácidos ingeridos na dieta, que tem como função primordial a construção e reparo de tecidos, inclusive musculares, que neste caso serão utilizados erroneamente, na produção de energia.
Giane acrescenta que os estoques corporais de carboidratos (glicogênio) são as maiores fontes de combustível para o trabalho muscular e a contribuição destes para o metabolismo durante o exercício físico é determinado por vários fatores incluindo intensidade e duração do exercício. Atletas de resistência devem manter reservas adequadas de glicogênio muscular e hepático, a fim de manter bom desempenho nos períodos de treinamento e durante e após as competições esportivas.
Com relação ao consumo proteico e a real quantidade de energia utilizada pelo organismo de um atleta, Giane afirma que depende muito do tipo de exercício que o indivíduo desempenha. Estudos comprovam que a prática regular de exercícios físicos pode aumentar a necessidade proteica, mas é muito importante que se avalie o grau de intensidade do exercício e consequentemente o aumento desta necessidade.
Todavia é fundamental ressaltar que a ingestão em excesso de proteínas não implica em maior síntese proteica além de ser prejudicial à saúde. Pesquisas recentes demonstram que quando a ingestão energética é adequada (carboidratos são importantes aqui) a ingestão proteica varia de 0,8g/kg à 1,8g/kg/dia de acordo com o tipo de atividade praticada.
Vale salientar que praticantes de atividade física recreativa (4 vezes/ semana por 30 minutos) devem ingerir a mesma quantidade de proteínas de um indivíduo não praticante, ou seja, 0,8g/kg/dia.
A PhD em nutrição ressalta que a proteína só irá realizar sua função plástica na síntese proteica e aumento da massa magra se as necessidades energéticas estiverem adequadas em relação ao gasto energético, se não ela será utilizada como substrato energético prejudicando a função estrutural e sobrecarregando a função renal com consequências imprevisíveis a longo prazo.
Com relação à ingestão de suplementos alimentares entre atletas e não atletas, Giane afirma que nem todos os atletas precisam recorrer a suplementos ergogênicos para ter um bom desempenho. O propósito destas substancias é aumentar a performance pela intensificação da potência física, da força mental ou do limite mecânico, retardando assim a fadiga do atleta de alto desempenho.
Sendo assim um indivíduo que pratica musculação em uma academia ou corre 5km 3 vezes por semana, por exemplo, e tem uma alimentação adequada em energia e proteínas, não tem motivo algum para recorrer a estes produtos. Importante salientar que todos os alimentos para fins especiais ou suplementos nutricionais para atletas seguem normas éticas e legais do Ministério da Saúde e mesmo os atletas profissionais devem se ater as substâncias ergogênicas banidas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para que não tenha seus resultados prejudicados.
(com informações do site Prodiet Nutrição)