De insípidas, inodoras e incolores estas águas não têm nada. Fogem das premissas mais básicas do mais básico dos ingredientes com um único propósito: aliviar o calor em goladas geladas cheias de sabor e cor.
Sucos? Nada disso. Nem drinques ou coquetéis. Com notas ácidas, doces, amargas ou até picantes, estas águas aromatizadas são refrescos leves, ótimas bebidas de boas-vindas ou digestivas.
No México, o mais tradicional dos refrescos é a água de jamaica, obtida pela infusão do amarguíssimo hibisco desidratado - aquela flor vermelha e comum. Na Itália, a receita para aplacar o calor leva água, suco e xarope de limão. Os árabes preferem combinações de água, gelo e xaropes doces de tâmara ou damasco.
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Um refresco famoso japonês leva água quente, kuzu (um amido semelhante à araruta), açúcar, gengibre e limão yuzu. Os brasileiros? Bem, os brasileiros por muito tempo combateram o calor só com sucos, água de coco e refrigerantes, mas estão começando a pedir um refresco. "Nos bares, já é quase obrigação ter algum no cardápio", diz Henrique Medeiros, barman do restaurante Kinoshita (3849-6940).
Ligeiro. Uma confusão comum é achar que sucos e refrescos são sinônimos. O refresco pode até levar um pouco de suco ou pedaços de frutas, mas são participações discretas. "Uma textura não tem nada a ver com a outra. O suco se bate no liquidificador, é pesado. Você bebe um copo, no máximo dois. O refresco, não. Toma quatro", diz o barman do Kinoshita.
Refresco tem três ingredientes básicos: água, gelo e um elemento que tenha o poder de aromatizar - ervas (hortelã, menta), flores (rosa, flor de laranjeira), cascas de frutas (limão, mexerica), xaropes (damasco, amora) e até verduras (pepino). Vale, inclusive, misturar ingredientes dessas diferentes "famílias", como você vai ler ao lado.
Outra opção é acrescentar água de coco e água com gás - mas sem exageros. "A água de coco prolonga o tempo que o refresco permanece na boca. E você não quer um sabor prolongado, quer matar a sede", ensina Henrique. No Kinoshita, ele serve também um refresco com água e uma bebida comum no Japão, a momo to zakuro (vinagre de romã, sucos de pêssego e romã).
No Brasil, simpatizamos com a ideia de beber água com frutas e ervas, mas ainda estranhamos a água com xarope ou flores. Questão de hábito.
A casa de chá Tea Connection, por exemplo, tem uma carta só com "águas de fruta". Entre as sugestões, a que leva frutas vermelhas in natura, águas de coco e mineral. Outros refrescos da casa levam infusões de chás. "É uma bebida para tomar durante o almoço, sem se sentir pesado", diz o gerente Juan Vartanian.
O chef italiano Moreno Cedroni se declara um grande defensor de águas com sabor. "Lancei uma linha com dois refrescos, lindas combinações que chamo de ‘drinques energéticos’", diz o chef do Madonnina del Pescatore, duas-estrelas Michelin, na província de Ancona (Itália).
Um deles leva água, limão, gengibre, açúcar e mel; o outro, uma combinação de água, erva-cidreira, suco de limão, açúcar e mel (foto). A paixão por refrescos fez com que o chef desenvolvesse uma fórmula capaz de fazê-los durar dois anos engarrafados. É impossível não fazer a pergunta: e precisa?