Pelo menos uma vez, todos já passaram pela situação de estar em uma festa ou encontro com os amigos, com comes e bebes à vontade e, não resistir ao exagero na quantidade comida. Esse excesso, já seria o suficiente para causar desconfortos ao organismo, mas, como se não bastasse, depois da comilança vem aquela bela dormida. E é aí que a situação fica complicada.
A digestão é a principal afetada, segundo a nutricionista Sâmia Bontempo. "Quando dormimos o processo digestivo fica mais lento. Em repouso, o metabolismo se modifica, fica mais calmo, e isso pode fazer com que a pessoa tenha problemas. Quando estamos ativos, a digestão é mais rápida, o que diminui a presença de males como a indisposição", afirma.
O ato de dormir também fica comprometido. "A ativação do metabolismo de digestão, causada pela refeição noturna, pode tornar o sono agitado e prejudicar o descanso", alerta o médico nutrólogo Alexandre Merheb.
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Sinal dos tempos modernos
O hábito de deitar logo depois de comer tem ligação com o sedentarismo que, muitas vezes, é provocado pelas facilidades que a tecnologia oferece. "A pessoa come 500 ou mais calorias em uma só refeição e fica parada, não se movimenta, até leva o controle remoto e o celular para o sofá. Antigamente, era preciso levantar pelo menos para mudar de canal e atender o telefone", observa Sâmia.
Desse modo, a nutricionista recomenda que velho costume de comer e correr para a televisão seja posto um pouco de lado. "O problema é comer e não fazer nada. É bom sempre dar uma passeada, mesmo que dentro de casa, fazer algum trabalho doméstico, e não ficar parado vendo TV", diz a especialista.
O que é aceitável
Se comer muito antes de dormir não é recomendável, como definir qual seria uma quantidade aceitável? Os dois especialistas concordam que essa é uma questão controversa e que depende das características de cada pessoa. "É preciso uma avaliação de idade, atividade física, fatores clínicos, sexo e, de acordo com os dados conseguidos, é feito um planejamento", explica Sâmia.
"Se a pessoa tiver insuficiência de algum elemento que participa da digestão, qualquer quantidade faz pressão no estômago. Quantias mais baixas, porém, trazem riscos menores", completa Merheb.
O que é possível definir é um intervalo para se aguardar entre a refeição e o momento de ir deitar. "Principalmente à noite, deve-se esperar 2 horas após se alimentar para poder dormir, orienta a nutricionista.
Alimentos que ajudam
Se a festa está fluindo, a conversa interessante e o cardápio é bom, pode ser difícil se segurar na quantidade de comida. Nesses momentos, pelo menos, é importante saber quais alimentos podem amenizar possíveis problemas de digestão e sono.
Merheb faz uma importante ressalva: gorduras devem ser riscadas das opções. "Se a pessoa vai comer e dormir, deve ter uma alimentação mais leve, à base de saladas, verduras, legumes, frutas e queijo branco, entre outros. Deve-se evitar gordura porque sua digestão é mais lenta. Comidas mais magras auxiliam a digestão mais rápida e os efeitos colaterais diminuem", diz o especialista.
Um ponto a favor
É preciso fazer justiça. Comer e deitar em seguida não é um hábito recomendável, de fato, pois pode causar problemas como refluxo gastroesofágico (quando os alimentos voltam do estômago para o esôfago, causando as incômodas azias). Contudo, também não é correto dizer que seja um ato que vá causar aumento do peso ou da barriga. "Isso é conversa fiada. Essa atitude não diminui o metabolismo relativo à queima de gordura. Esse é um processo sempre lerdo e que acontece na mesma intensidade seja qual for a posição." afirma Merheb.
É possível, também, minimizar possíveis problemas não indo deitar direto, optando pelo meio-termo. "Se puder sentar recostado nos primeiros minutos, com a cabeça mais alta, é melhor. A posição horizontal que é mais problemática", finaliza o nutrólogo. (*Fonte: Xenicare - Programa de Suporte ao Tratamento para Perda de Peso da Roche Químicos e Farmacêuticos)