Entre os tratamentos da alergia alimentar está a suspensão do alimento desencadeador da alergia, porém, é muito importante que isso seja acompanhado por especialistas para que não haja prejuízos nutricionais, principalmente na infância. O ideal é o acompanhamento multidisciplinar, com o pediatra, alergista e nutricionista.
A médica Renata Cocco, Coordenadora do Departamento Científico de Alergia Alimentar da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), explica que macro e micronutrientes devem ser corretamente supridos, quer na forma de alimentação ou de suplementos exógenos.
"Qualquer restrição alimentar pode causar prejuízos nutricionais, sociais e psicológicos se não for bem conduzida. As restrições devem se ater apenas aos alimentos orientados pelo médico. Não há justificativa em se retirar outros alimentos como forma de prevenção", alerta a especialista.
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Nos casos de alergia comprovada, as proteínas do alimento devem ser identificadas em produtos industrializados, receitas desconhecidas, contaminação por utensílios comuns, refeições coletivas, estabelecimentos comerciais e todos os ambientes passíveis de conter alimentos.
Alguns produtos de higiene pessoal podem conter proteínas do leite ou de castanhas e o contato destes produtos em pacientes mais sensíveis pode desencadear reações.
A restrição de macronutrientes (proteínas, carboidratos, gorduras) pode desencadear ganho pôndero-estatural inadequado, quando há redução da oferta calórica necessária para a idade. Já a exclusão de micronutrientes (cálcio, ferro, zinco, selênio, complexos vitamínicos) pode levar a diferentes consequências no crescimento de cabelos e unhas, pele e acuidade visual, entre tantos outros.
Seguem abaixo algumas substituições seguras que não colocam a saúde em risco:
Ovo: linhaça é um bom substituto para o preparo de bolos e outros preparados.
Trigo: farinha de arroz, fécula de batata.
Leite: a depender do tipo de alergia, os substitutos vão desde fórmulas hidrolisadas (extensamente ou de aminoácidos), fórmulas de soja ou bebidas à base de soja. "Leites vegetais (arroz, quinoa, amêndoas etc.) são opções muito pobres do ponto de vista nutricional e não devem ser utilizadas como substitutos únicos do leite de vaca, especialmente em crianças menores de 4 anos. Leites de outros mamíferos (cabra, búfala, ovelha) não devem ser utilizados por apresentarem grande semelhança com as proteínas do leite de vaca", alerta Renata Cocco.
O especialista em alergia é o profissional indicado para fazer o diagnóstico adequado da alergia alimentar e definir qual o alérgeno deverá ser excluídos da dieta do paciente, e o nutricionista é o profissional habilitado para fazer o plano alimentar do paciente, com a exclusão segura do alérgeno e sua devida substituição, além de definir qual nutriente deverá ou não ser suplementado para cada caso, a depender da história clínica, nutricional, hábito e dificuldades alimentares, condições financeiras e psicossociais do paciente.