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A escola e a necessidade de proibir

23 out 2009 às 21:27
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Fomos surpreendidos esta semana pela notícia de que três adolescentes, alunos do Colégio Estadual do Paraná (CEP) foram filmados fazendo sexo em um banheiro da escola. O vídeo, claro, caiu na rede. A imprensa, óbvio, fez a festa em cima.

Sobre o fato dos adolescentes estarem transando dentro do colégio tenho pouco a dizer. Recomendo a leitura do artigo dessa semana da Rosely Sayão sobre a incapacidade dos adultos de enfrentar a indisciplina. Está disponível aqui.

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Como o tema desse blog é tecnologia, é por esse foco que vou me aventurar. Tenho um consideração a fazer. Em primeiro lugar, o tal vídeo foi feito e distribuido como? Pelo celular. Esses aparelhos fantástico com dezenas de recursos e que os pais adoram dar para os filhos.

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A onipresença do celular na escola chama a atenção. Uma criança que não tenha celular é figura rara numa sala de aula. A falta de segurança e a facilidade com que se compra esse tipo de aparelho o popularizou muito. Os pais querem poder entrar em contato com o filho a qualquer momento. E os filhos querem ter os aparelhos mais bacanas para mostrar para os colegas.

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Acho curiosa essa tolerância da escola com esses aparelhos. Como professora, já me deparei com situações das mais complicadas em sala de aula. Inclusive alunos que insistem em atender ligações durante a aula.


A minha geração (os babies da década de 1980) cresceu num Brasil em que o consumo de itens de luxo, como equipamentos eletrônicos era coisa para poucos. Computadores, aparelhos de som e TV eram caros e não haviam as linhas de crédito que são tão disponíveis hoje.

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Claro que o acesso à tecnologia que temos hoje é certamente uma grande conquista. Mas traz junto com ele a necessidade de aprendermos a lidar melhor com o consumo.


Parece que hoje dizer não há crianças e adolescentes está fora de moda. Pais ficam apreensivos em negar aos filhos presentes de última geração, sob o risco de os condenarem ao isolamento social. Poucos param para pensar se é a melhor decisão entregar a um adolescente ou uma criança celulares e videogames com preço na casa dos milhares.

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Por outro lado, as escolas não estão disciplinando o uso desses recursos no ambiente escolar. Poucas proibem o aluno de levar o celular para a aula. Algumas falham até mesmo em evitar que o aparelho seja usado durantes as aulas.


Em um passado não tão distante, a disciplina em sala de aula ditava desde a roupa dos alunos até mesmo o que poderia ou não ser levado na mochila. Mas hoje proibir está fora de moda. E que colégio vai negar aos pais o sagrado direito de saber que se pode ligar para o filho a qualquer momento?

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A questão é que a escola é um ambiente de ensino e estudo. E isso é incompatível com a postura que vem com o uso do celular, de estar em contato, de estar disponível em todo lugar, a qualquer momento. Era dever da escola cumprir o papel de ensinar o aluno a estudar, a se concentrar em algo, a aprender que tudo tem seu momento.


Talvez isso seja reflexo do fato de nós mesmos não sabermos dosar o uso da tecnologia com bom senso. Frequentemente nos vemos de celular em punho, protagonizando conversas pessoais no meio da rua, dentro do ônibus. É só sentar num auditório para assistir uma palestra que vemos os celulares, ipods e outros aparelhos saindo dos bolsos. Temos que mandar nossas sms, atualizar o Twitter, mandar fotos.

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Quantos não são os casos de pessoas adultas que se deixam fotografar em situações íntimas e/ou constrangedoras? Imagens que fatalmente vão parar na web. Quando não são as próprias pessoas que se expõem desnecessariamente em redes sociais como o Orkut.


Falta aos adultos serenidade para usar melhor os recursos que temos. Por que então nos chocamos quando nossas crianças e jovens erram tanto na mesma área?

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Update:
Tenho que acrescentar um complemento. Não estou dizendo que os adolescentes foram filmados fazendo sexo se deixaram ficar nessa situação só porque o colégio não restringe o uso de celulares.


A questão é que os adolescentes são programados para desafiar limites. Se nós adultos não reforçamos os limites, eles vão naturalmente tentar ultrapassá-los. Se você dá um celular para uma criança, ela vai explorar todo potencial que esse aparelho tem. Inclusive utilizá-lo para registrar imagens que podemos considerar inadequadas.


Vamos deixar a discussão sobre sexo de lado. Grave é o fato dos adolescentes não terem entendido a gravidade de se deixar filmar numa situação de intimidade. Eles tinham os meios: o tempo livre, um colégio sem controle nenhum do paradeiro dos alunos e um celular. E ninguém para explicar para os três que esse episodio vai marcá-los por muito tempo.


Update II:
Rosa,
É realmente muito complicado para os pais que se preocupam com o consumo excessivo ter que explicar isso para os filhos enquanto eles são bombardeados na escola por um apelo constante para comprar e comprar. Mas essa também é uma oportunidade para que escolas com projetos didáticos sérios se destaquem.


Pais como você vão começar a se preocupar com isso na hora de escolher onde vão matricular seus filhos.


Sabe, Rosa, não sou contra crianças terem videogames e computadores. Esses equipamentos são importantes para o desenvolvimento intelectual dos jovens. Mas acho importante que isso seja um processo de conquista, o resultado do amadurecimento.

Obrigada por ler meu blog, Rosa.
beijos


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