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A verdade sobre a pandemia

08 ago 2009 às 11:11
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Estamos vivendo uma situação de calamidade. Não, isso não se deve a Gripe A (H1N1) - a tal gripe suína. A calamidade advém não da doença, mas da campanha de desinformação promovida por internautas de todo o país.

Todos os dias jornalistas como eu e meus colegas são bombardeados por emails nos quais a imprensa e o governo são acusados de encobrir dados assustadores sobre a gripe A e a verdadeira extensão da epidemia. Ora, pois. Tem cabimento uma acusação dessas?

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Pois tenho que dizer, não tem. Não estou na cobertura diária do noticiário da gripe, mas convivo com colegas que estão, com competência, tentando levar as informações mais precisas sobre o assunto ao leitor. É um trabalho sério, meticuloso e cansativo.

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Vejo todos os dias a redação ser tomada por boatos (estão morrendo médicos, estão escondendo as mortes etc). E vejo meus colegas checarem muitas dessas informações e chegarem a conclusão de que são boatos infundados, difundidos por gente irresponsável.

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O problema com os boatos, é que quando um jornalista recebe um, analisa e descarta, como informação SEM RESPALDO. Mas esse mesmo boato ganha a internet e é reproduzido inúmeras vezes como se fosse verdade. Os jornais não publicam boatos, publicam fatos até porque estão sujeitos as consequências legais.


Mas os internautas não tem qualquer preocupação com a consequência das bobagens que divulgam. Eles as vezes até assinam o disparate, mas não tem qualquer comprometimento profissional com aquela informação. E vamos falar a verdade, é muito fácil apertar Foward e disparar qualquer email para toda sua lista de contatos. Na dúvida, a maioria das pessoas prefere repassar o pânico.

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A internet tem muitas vantagens, mas nesses momentos, essa capacidade de propagação de informação ruim é um mau serviço à população. Quer saber no que acreditar? Anote aí:


1) Informação correta tem nome e sobrenome - Enquanto os dados oficiais sobre a doença (infectados, mortos) são do Ministério da Saúde e das secretarias municipais e estaduais de saúde, os emails alarmistas sempre atribuem a fontes inexatas uma maior taxa de mortalidade a doença. Fala-se num médico de um hospital importante, na Dra. Márcia (assim, sem sobrenome), em alguém da Unimed.

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As vezes o email, para conferir veracidade ao que diz, cita instituições importantes como o Hospital de Clínicas, planos de saúde, o CRM. Mas sempre de forma vaga e imprecisa. Se a UFPR, a Unimed, o Conselho Regional de Medicina tiverem algo a dizer sobre a gripe, acreditem: não seria através de email.


As estatísticas oficiais são falsas? Olha, se fossem, a imprensa teria como verificar isso antes de publicar. Vejo o caso dos dados de violência no Paraná. O Governo do Estado insiste em não divulgar isso. Mas mesmo assim a imprensa encontra formas de obter dados confiáveis e sérios para abordar o assunto.

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2) Números só são fatos quando tem contexto - os emails do pânico adoram apelar para números extraordinários para assustar o leitor e fazê-lo repassar a mensagem o quanto antes. Mas um número sozinho não diz nada. A imprensa quando noticia estatísticas de morte, por exemplo, sempre o faz de forma comparativa. Se morrem 40 pessoas por mês de uma doença, esse dado tem que ser comparado com o número de mortos por outras doenças e por outras causas. Também se compara isso com a população local.


No Paraná, a maior parte dos mortos da gripe (acho que são 31 até o momento) foram em Curitiba. Isso faz sentido quando se vê que essa é a maior cidade do estado. Somos quase 3 milhões de pessoas (se contarmos a região metropolitana). 21 mortes em 3 milhões não é muito, não é mesmo?

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3) Não dá para esconder dados num mundo interligado como o nosso - os escribas do terror adoram dizer que há muitas mortes, milhares que não estão sendo divulgadas pelo governo nem pela imprensa. Ilustram isso falando do fulano e do siclano que morreu e não estaria contabilizado na conta da gripe A. Vejam bem, antes de virar estatística, uma morte precisa ser analisada dentro dos critérios da OMS e do Ministério da Saúde. Tem que ter exame positivo para a doença.


A verdade é que muita gente morre (e sempre morreu) de complicações de doenças respiratórias. Mas ninguém nunca prestou muita atenção nisso. Agora com a gripe A querem usar o novo vírus para justificar tais mortes. No entanto, essas mortes já aconteciam muito antes dele aparecer.

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Quer ficar em pânico? Então se assuste com as mortes no trânsito, com o número de jovens que morrem vítimas da violência urbana. Na minha opinião, a gripe A ganhou a mente e os corações das pessoas porque se trata de uma ameaça invisível contra a qual temos pouco o que fazer.


Ao contrário da dengue, por exemplo, cuja prevenção exige ação efetiva das pessoas no combate a água parada, a gripe A tem como prevenção o simples ato de lavar as mãos.

Quer saber a verdade sobre a gripe A? Leia os jornais, as revistas. Visite sites confiáveis. E fale com seu médico. Não deixe o pânico levar a melhor nessa história.


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