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Jornalismo, esse nobre desconhecido

17 jun 2009 às 14:45
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Outro dia um conhecido me contou que viu um acidente na rua e registrou tudo com a filmadora do celular. O resultado foi enviado para uma rede de televisão. No fim da história, o rapaz brincou comigo: "cuidado hein, que ainda roubo teu emprego". Dei um sorrido amarelo e mudei de assunto.

Não porque eu tenho medo de perder o emprego. Mas porque minha atual ocupação não é resultado do acaso. São anos de dedicação, de estudos, graduação, pós-graduação, mestrado, cursos de línguas, horas de leitura.

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Eu, se visse uma pessoa qualquer com um bisturi na mão e dizendo feliz: "olha, eu também sei operar", seria a primeira a sair correndo do prédio. No entanto, há muita gente por aí pronta para dizer que pode sim ser jornalista, num rompante de empolgação. Como se o nosso trabalho fosse só o de apontar a câmera e filmar.

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E eis que a Corte máxima do país concorda. Ser jornalista é como ser cozinheiro, disseram. Disso só posso extrair duas certezas: os ministros do Supremo Tribunal Federal não sabem cozinhar e não estão nem aí com a liberdade de imprensa.

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Na fala dos ministros um deles expressa uma preocupação com a aparente impossibilidade de se exigir qualificação de blogueiros. Mas blog agora é jornalismo? Desde quando?


A diferença entre o jornalista - eu - e o rapaz da câmera no celular é que enquanto ele aponta a câmera eu tenho que checar centenas de informações. Tenho que saber o nome dos envolvidos no acidente, a hora em que aconteceu a colisão, como foi batida e, se possível, se há indícios de que um dos envolvidos é culpado.


Tenho que verificar o estado em que as vítimas foram levadas para o hospital, em qual instituição elas foram atendidas e como estão. E depois escrever tudo que levantei de um jeito simples e direto para que o leitor entenda a história do que aconteceu.

E, no fim das contas, algum blogueiro vai recortar meu texto e publicar como novidade na internet sem dar crédito nem a mim nem à FOLHA. E eu ainda vou ter que ouvir alguém dizer que poderia ter feito tudo isso que eu chamo de trabalho, mesmo sem saber exatamente o que é isso que chamamos de jornalismo.


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