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O pré-sal não é tão bom assim

28 set 2009 às 18:21
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Descobrimos uma quantia considerável de petróleo na costa brasileira. Uma ótima notícia para a economia e o desenvolvimento do Brasil. É como se o país tivesse ganho uma carta no Jogo da Vida para poder pular casinhas e disparar no jogo do desenvolvimento.

Essa visão über otimista sobre o futuro do país está nas propagandas da Petrobras que não cansam de aparecer em horário nobre. Vamos ter um novo país, dizem. Temo dizer que não estou tão otimista assim. O pré-sal será bom para nós? Não tão bom assim.

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Por quê? Bom, sem querer entrar no mérito da viabilidade ou não da extração de óleo e gás em altas profundidades, o que mais me preocupa em relação ao pré-sal é o foco que essa descoberta colocou no petróleo.

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Em 2007, quando a descoberta veio à público o Brasil estava dando um pontapé muito bem vindo ao programa nacional de biodiesel, o diesel feito de matéria-prima renovável. E o nosso etanol estava ganhando cada vez mais espaço e visibilidade aqui e no exterior.

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Essa agitação em torno do pré-sal não desbancou essas iniciativas, mas trouxe o petróleo de novo ao assunto do dia. E, como qualquer pessoa bem informada sabe, com ou sem pré-sal, o petróleo é uma tecnologia em fim de carreira. A hora agora é de pesquisar - e viabilizar - novas alternativas.


O Brasil já atua em duas frentes importantes: produz biodiesel (que já está sendo adicionado ao diesel mineral desde 2008) e produz etanol, cujo consumo tem aumentado significativamente graças aos carros com motor flex.

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Recentemente as fábricas de motores anunciaram que já possuem tecnologia para que os carros flex (e os movidos só a álcool) não precisem de gasolina na partida a frio. E que em breve os carros novos já virão de fábrica com o dispositivo.


No entanto, ainda temos um caminho longo pela frente na produção de combustíveis renováveis. A produção de álcool ainda é marcada, infelizmente, pelo uso de mão-de-obra em condições análogas à escravidão. Ainda se queima a lavoura antes da colheita.

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No biodiesel a grande dificuldade é conseguir uma rede de produção capaz de colocar o combustível no mercado a preços competitivos com o do diesel. Hoje o litro de biodiesel é mais caro que o do diesel, causando um problema econômico em expansão à medida que a adição dele ao diesel aumenta.


O diesel é fundamental para a economia brasileira. A logística de produção do país é quase que inteiramente dependente do transporte viário e, portanto, também desse combustível. O aumento do custo do diesel pode ser catastrófico. Também estamos fazendo muito pouco para implantar alternativas para o transporte de cargas.

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O Brasil tem poucos projetos de desenvolvimento de veículos elétricos e híbridos (que combinam combustível e eletricidade). Não encontrou uma matéria-prima (viável) para o biodiesel que não seja a soja. E está aproveitando pouco recursos já disponíveis, como a biomassa.


Deixar passar essa oportunidade única de desenolver tecnologias que serão vitais no futuro pode custar caro para o Brasil. Vamos continuar na periferia do desenvolvimento mundial. Vamos ter que nos submeter a tecnologias que não dominamos e que podem não ser as melhores para nosso país. E podemos novamente usufruir pouco dos recursos que nossa terra possui.

O pré-sal é bom. Vai trazer recursos úteis para o país. Mas melhor ainda é começar a trabalhar duro para garantir uma presença de destaque quando a nova onda tecnológica chegar. O pré-sal vai ajudar o Brasil e fechar a Era do Petróleo em grande estilo. Espero que, no entanto, também não nos impeça de começar a Era dos Combustíveis Renováveis com o pé direito.


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