O aterro sanitário de Rolândia (25 Km a oeste de Londrina) completou um ano de funcionamento nesta terça-feira, mas sem muitos motivos para comemoração. A trincheira construída para armazenar o lixo por três anos está com sua capacidade tomada.
A solução encontrada pela prefeitura tem sido o empilhamento, algo considerado preocupante por ambientalistas que temem por um acidente. Para alertar sobre a situação em que se encontra o aterro, um grupo de ambientalistas realizou hoje um protesto em volta do local.
Para o presidente da Organização Não-Governamental (ONG) Movimento Nossa Terra, Daniel Steidle, a superlotação da trincheira é resultado da falta de um trabalho de compostagem do lixo. Segundo ele, no início da atual administração municipal, um projeto desenvolvido na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi apresentado no município, mas considerado inviável. ''É um projeto de compostagem de alta qualidade. Se tivessem sido adotado, o problema não existiria'', alertou.
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Steidle acredita que, com o trabalho de compostagem, os agricultores poderiam ser beneficiados, já que o composto pode ser utilizado como adubo orgânico. Ele acrescentou que outro agravante é a falta de um trabalho adequado de coleta seletiva do lixo. Das 25 toneladas de lixo que são coletadas diariamente em Rolândia, somente 4% são recicladas. ''O aterro está se tornando um verdadeiro lixão'', ressaltou.
Dentre as preocupações dos ambientalistas, a maior é com a falta do monitoramento do lençol freático na área do aterro, que está localizado entre duas microbacias. Steidle observou que parte da trincheira do aterro está sem a proteção da manta de impermeabilização, utilizada para evitar que o chorume (formado pela água da chuva e pela decomposição do lixo orgânico) alcance o lençol freático.
O agricultor Klaus Poehlmann, que mora há cerca de 300 metros do aterro sanitário, reclamou do mau cheiro e das moscas provenientes do lixo. Ele contou que em algumas oportunidades, principalmente à noite, fica impossível deixar portas e janelas abertas. ''A gente não pode fritar uma carne que enche de moscas'', completou.
O vereador Paulo Farina (PDT), membro do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, estava revoltado por ser impedido de entrar no aterro para realizar uma vistoria. ''Está consolidada a ditadura em Rolândia'', afirmou.
A secretária municipal de Meio Ambiente e Turismo, Vera Lúcia Crespim, disse que já está em andamento o projeto para construção de uma usina de reciclagem e compostagem do lixo. Sobre o monitoramento, ela garantiu que um laboratório de Jaguapitã (46 Km ao norte de Londrina) realiza esse trabalho.
A manta de impermeabilização não foi colocada em uma parte da trincheira, segundo ela, pois já foi iniciado o trabalho de construção de novas valas. Vera Lúcia ressaltou que a prefeitura vem utilizando um produto específico para reduzir o mau cheiro e controlar as moscas. ''A entrada no aterro é permitida às quarta-feiras desde que com solicitação prévia'', acrescentou.