A Comissão Justiça e Paz (CJP) da Arquidiocese de Londrina emitiu nota de apoio aos moradores do Residencial Flores do Campo, após anúncio feito na quinta-feira (16) de que o residencial será desocupado na próxima semana. Foi realizada uma operação conjunta pelas polícias Civil, Militar e Federal com a Caixa Econômica.
A data exata da desocupação não foi divulgada, mas, após a retirada das famílias, técnicos da Companhia de Habitação (Cohab) de Londrina farão o levantamento da situação dos imóveis – o residencial tem 1.218 unidades. O custo total da obra é de R$ 77 milhões, dos quais R$ 34 milhões já foram investidos.
A CJP afirma em nota que o residencial será desocupado na Semana da Consciência Negra, "momento de luta pelo reconhecimento, pela conquista dos direitos sociais fundamentais dos afrodescendentes e de denúncia do racismo enraizado na sociedade e, infelizmente, quase quinhentas famílias do Flores do Campo, a maioria negra, que não têm para onde ir, foram ameaçadas de perder o único lugar que têm para sobreviver".
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"A Constituição Federal do Brasil de 1988 adotou o Estado Democrático e Social de Direito para todos os brasileiros, independente da etnia, da classe social e econômica. Por isso, no Art. 6º, deixa bem claro, os direitos de cada um e de cada uma: 'São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia (grifo nosso), o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados'", prossegue a nota.
"As autoridades municipais e estaduais não devem se omitir, e as famílias do Flores do Campo devem ser incluídas nos diretos constitucionais. A Igreja Católica sabe que, o que ameaça de fato destruir a família é a falta de emprego, de salário justo e, principalmente, a falta de moradia. Por isso, atenta aos valores da Constituição, afirma através do Catecismo: 'A família deve ser ajudada e defendida pelas medidas sociais apropriadas. Quando as famílias não são capazes de desempenhar suas funções, outros organismos sociais têm o dever de ajudá-las' (Catecismo da Igreja Católica, nº 2209)."
"Em sintonia com os diretos sociais fundamentais, atentos aos acontecimentos, como Igreja, queremos manifestar o nosso apoio aos moradores do Jardim Flores do Campo e cobrar atenção e respostas justas do poder público, para que não deixe nenhuma família desamparada."
Flores do Campo
O Flores do Campo foi ocupado depois que a obra foi abandonada inconclusa pela empreiteira responsável. Atualmente, 360 famílias vivem nos imóveis. A retirada dos moradores deve contar com um grande efetivo de policiais e a Caixa vai contratar seguranças para impedir que os imóveis voltem a ser ocupados.