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Música e cultura

Exposição rural é vista por cerca de 7 mil pessoas em Londrina

Bruno Souza e Ana Luiza Barreto - Estagiários*
05 mai 2023 às 17:24

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- Ana Luíza Barreto - Estagiária*
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A exposição rural Memória Sertaneja, que esteve presente na Biblioteca Municipal de Londrina nos dias 3 e 4 de maio, atingiu um público estimado de 7 mil pessoas, de acordo com o organizador e dono de todo o acervo exibido, Renê Faria Filho. Além da biblioteca, a exposição foi levada para diversas escolas municipais, reunindo alunos, pais e professores.


Os objetos expostos são catalogados por Filho desde 1996. Natural de Arapongas e residente em Londrina desde 1978, o ex-bancário abandonou a profissão ligada ao urbano para ser a voz do rural. Apaixonado por músicas caipiras - reflexo de uma infância vivida na roça -, ele percebeu que não havia muitos trabalhos de exposição ligados a isso. Foi a partir daí que começou a colecionar objetos antigos, a fim de manter as memórias que vivera.

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Renê Filho tentou outras vezes angariar recursos para ações ligadas à música caipira - por meio do Instituto Memória Caipira, o qual é coordenador -, mas não obteve sucesso. O atual projeto, feito com recursos do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura), só foi possível graças a uma parceria com Rose Andréia Castanho, coordenadora geral da Corre (Associação de Arte e Cultura de Londrina), que atua, desde 2018, com a democratização da música em bairros de periferia do município. Ele conta que a parceria foi um sucesso.

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"Decidimos fazer uma experiência na cultura e deu certo. Muitas crianças, por exemplo, nunca sentiram o cheiro do café. São experiências únicas. Elas nunca viram discos de vinil, fitas cassete... Elas não sabem a evolução da música, não sabem o que os avós, os tios ouviam... Muita coisa se perdeu no tempo", pondera.

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Filho também ressalta que, além da música, a exposição tem como objetivo relembrar a maneira como viviam as pessoas em um tempo em que o país era predominantemente rural.


"A gente mostra músicas em vitrola, gramofone e dá palestras, expondo para eles o que é evolução musical, a importância de muitas músicas caipiras. Também a criação de um país rural, já que muitas modas de viola tiveram a inspiração no meio rural. Tudo que temos hoje é graças a eles, a essa geração passada", diz. "Muitos que estão com 70, 80 anos participaram da construção. A maioria que vem aqui e participa trabalhou na roça com café. Isso faz parte da vida deles, do mundo deles. Às vezes, até dos pais deles. Muitos dizem: 'meu pai ouvia muito isso'", afirma o coordenador, referindo-se à reação de pessoas idosas ao presenciarem as obras musicais.

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Renê também diz que a exposição teve o poder de gerar curiosidade em pessoas de todas as gerações, atingindo crianças, adultos e idosos.


"Houve escolas [que participaram da exposição] onde o aluno foi embora, buscou a mãe que estava fazendo a janta e levou a mãe para ver tudo. Em outra escola, participaram 300 pais, pois muitos filhos acharam interessante e foram buscá-los. Muitos alunos voltaram quatro vezes à exposição", relembra.

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De acordo com os coordenadores, a parceria com o Promic prevê que, até junho, mais três escolas municipais possam receber a exposição rural, porém as instituições ainda não foram definidas. Além disso, Renê Filho confirma que, em três semanas, vai inaugurar um museu - que está sendo idealizado desde 2014 - com outros objetos antigos que possui, na rua Sergipe, próximo ao Sesc Cadeião.



Livros

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O Coordenador do Instituto Memórias Caipiras também escreve livros dedicados à música caipira. Entre os títulos, estão Memórias Sertanejas Vol. 1 e Vol. 2; Sertanejo Vol. 1 e Vol. 2; e Memórias da MPB. Outros estão em produção, como Tonico & Tinoco e Amigos; Dino Franco e QAmigos; Milionário & José Rico e Amigos.


"Todos os meus livros são para recordar o que os nossos pais ouviam, comiam e falavam. A gente trabalha com entrevistas nos livros, linguagem caipira, homenagens e bate-papo com eles. Trabalhamos também com muitas revistas antigas, livros antigos, que possibilitam entrar na mente e pensar como o autor pensava", conclui Renê Filho.


*Sob supervisão de Fernanda Circhia

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