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Acusação

Feirantes denunciam suposta cobrança de 'donativos'

Janaina Garcia - Folha de Londrina
02 jun 2010 às 08:35

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- Arquivo/Folha de Londrina
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''Meia dúzia de laranjas''; ''um cozidinho, meio quilo de feijão'', ante aquela que seria a ameaça de cassação de alvarás, aparentemente, sem a adoção de critérios técnicos. Segundo um grupo de feirantes da cidade presentes ontem à tarde na sessão da Câmara de Vereadores de Londrina, esses seriam os pedidos que há anos estariam sendo feitos a eles por um assessor técnico da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), responsável pela coordenação das feiras livres na cidade, para que não sofressem retaliações ou pudessem desfrutar de benesses.

Os feirantes lotaram uma das galerias do Legislativo, menos de uma semana após a CMTU transferir cerca de 20 barracas da Rua Espírito Santo para a Rua Alagoas, na região central, a pretexto de melhorar o trânsito no local. Na última quinta, o responsável pela fiscalização argumentou que teria um abaixo-assinado com 50 nomes favoráveis às mudanças. Ontem, na sessão, o coordenador do grupo, José Ramatiz Vargas Hilário - irmão do deputado federal André Vargas (PT) -, feirante há nove anos, disse que os nomes teriam sido coletados a fim de que não houvesse, depois, retaliações.

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De acordo com Hilário, além da anuência supostamente forjada, há tempos o assessor estaria recebendo produtos comercializados pelos feirantes a fim de que não retomasse os alvarás dos comerciantes. ''Ele tem atuado de maneira a coagir as pessoas, chega a falar que é o prefeito nas feiras. A frase 'eu posso cassar seu alvará a qualquer momento' tem sido recorrente nos últimos sete anos, seja para as pessoas de quem ele não gosta, ou simplesmente para mostrar a força dele'', definiu, para citar: ''Outros têm barracas que excedem a metragem definida nos limites do alvará, por exemplo''.

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Segundo o representante do grupo - que, em plenário, chegou a pedir aos colegas que se organizem ''em uma associação'' -, as supostas cobranças de ''agrados'' teriam sido relatadas por ele ao presidente da CMTU, André Nadai, há cerca de 20 dias, e anteontem, em reunião na companhia, com diretores do órgão. ''Esse tipo de situação tem acontecido constantemente; não é fato novo para a CMTU''. O assessor técnico chegou a passar pela Câmara, mas, após a denúncia em plenário, e em coletiva, saiu sem falar com os repórteres. Murmurou que falaria ''apenas à Justiça''.

Nadai negou que tivesse tomado conhecimento da suposta cobrança de propina nas situações relatadas pelo feirante. ''Soube disso hoje (ontem), pela imprensa; me reuni com ele (Hilário) esta semana, mas essa acusação não foi colocada'', justificou. No entanto, o presidente da CMTU garantiu que será aberta uma sindicância interna para apurar o caso. ''Com certeza, se confirmado algo assim, haverá punição'', completou. Se o assessor será, temporariamente, afastado da fiscalização nas feiras livres? ''Não sei, vou verificar.''


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