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Esquema de corrupção

Luiz Abi impediu fiscalização da Receita na própria empresa

Loriane Comeli - Folha de Londrina
16 jun 2015 às 07:50

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- Reprodução
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O "gestor político" do esquema de arrecadação de propina operado por auditores fiscais de Londrina e chefes da Receita Estadual do Paraná, em Curitiba, Luiz Abi Antoun, parente do governador Beto Richa (PSDB), impediu a fiscalização tributária de empresa da qual é sócio, a GV Alumínios, e de sua própria empresa, a Alumpar, também do ramo de alumínio. Empresas de outros setores ou de determinados grupos, como da colônia árabe, à qual Abi pertence, também teriam sido blindadas pelo empresário, conforme declarou o auditor Luiz Antonio de Souza em acordo de delação premiada com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que apura como atuava a organização criminosa instalada na Receita de Londrina.

A Alumpar Alumínios, com sede em Londrina, doou, em 2014, R$ 100 mil à campanha de reeleição de Beto, de acordo com a prestação de contas do candidato à Justiça Eleitoral. A Alumpar já havia aparecido na primeira fase da operação Publicano, em março. Conforme dados da Junta Comercial, a Alumpar pertence à GV Alumínios e à KLM Brasil, sediada em Cambé e cujos sócios são os dois filhos de Luiz Abi: Kouthar e Nemer Abi Antoun, este último representado na empresa pela mãe, Eloiza Fernandes Pinheiro Abi Antoun, diretora administrativa da Sercomtel.

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Segundo o delator do esquema, Abi determinou ao auditor Márcio de Albuquerque Lima, que era o delegado da Receita de Londrina até meados de 2014 e, posteriormente, assumiu, também por indicação do amigo Abi, o cargo de Inspetor-geral de Fiscalização da Receita do Paraná, o encerramento imediato de fiscalização de determinadas empresas.

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Sobre a Alumpar, Souza disse que em 2014, esta empresa foi colocada na agenda fiscal pela Inspetoria Geral de Fiscalização (IGF), chefiada pelo então inspetor José Aparecido Valêncio da Silva, mas Albuquerque (quando ainda era delegado-chefe em Londrina), falou com Valêncio, dizendo que a empresa era de Abi. O então inspetor teria retirado a Alumpar da agenda. Valêncio, no último mês, era coordenador-geral da Receita do Paraná, mas exonerou-se após ser envolvido no esquema. Atualmente, está preso.

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Quanto à GV Alumínios, Souza disse que essa empresa sequer chegou a entregar a documentação solicitada pela Receita Estadual e que, mesmo assim, um auditor fiscal fez um relatório informando que tinha procedido à fiscalização e que a empresa estava regular. Posteriormente, o então inspetor da Receita de Londrina teria lhe afirmado que a fiscalização foi interrompida a mando de Albuquerque e de Abi.


Por esses fatos, Abi é investigado, além de ser integrante da quadrilha, por crime de prevaricação, descrito no artigo 319 do Código Penal: "Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal".

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Contatado ontem pela FOLHA o advogado de Abi, Luiz Carlos Mendes, afirmou que mantém a posição de não comentar a investigação.


A segunda fase da Publicano, além de Abi, envolve 50 auditores, seis contadores, um advogado e um particular, Júlio Sérgio de Morais Camargo, apontado como estelionatário. Foram presas 49 pessoas na quarta-feira passada; Abi se entregou quinta-feira; estão foragidos oito auditores – dois de Curitiba – e Camargo, segundo informou ontem o Gaeco. Um dos foragidos, o auditor Antonio Aparecido Hércules, de Londrina, teria sido localizado ontem em São Paulo, após regressar de um cruzeiro pelo Canadá e Estados Unidos, mas acabou não sendo preso.

Os achaques ocorreram em 17 cidades, além de Londrina: Apucarana, Arapongas, Assaí, Cambé, Cornélio Procópio, Florestópolis, Guaraci, Ibiporã, Jandaia do Sul, Porecatu, Prado Ferreira, Rolândia, Sabáudia, Santa Mariana, Santo Antônio da Platina, São Sebastião da Amoreira e Sertaneja.


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