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Mudança na diretoria

Pais e alunos da Escola Oficina de Londrina se revoltam

Redação - Folha de Londrina
17 set 2003 às 18:29

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O clima é de tensão e insegurança na Escola Oficina (zona norte), recém assumida pela Prefeitura de Londrina. Desde o início da semana, quando a nova coordenação passou a atuar na instituição, alunos estariam promovendo quebra-quebra e outros atos de indisciplina. Os pais de alunos que trabalham em um programa de reciclagem instalado no local também estão revoltados e ameaçam promover protestos.

A encampação da Escola Oficina pelo município foi oficializada no começo deste mês, junto com o anúncio de que a Associação da Criança e do Adolescente de Londrina (Acalon), ex-mantenedora da instituição, seria extinta.

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A decisão foi baseada em supostas irregularidades na gestão da escola, levantadas em auditoria realizada pela prefeitura. A Acalon teria uma dívida de cerca de R$ 100 mil com o município, decorrente do mau uso de recursos públicos e do número reduzido de alunos beneficiados. A avaliação é contestada pela direção da Acalon.

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Os novos coordenadores, indicados pela Secretaria Municipal de Assistência Social, estão realizando um levantamento da atual situação da Escola Oficina e do perfil dos alunos e famílias atendidos. Segundo a secretária Maria Luiza Rizotti, os alunos que tiverem programas municipais mais próximos de suas residências poderão ser transferidos. ''Mas ninguém vai ficar sem assistência'', garantiu.

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Para realizar o levantamento, a escola decidiu paralisar as atividades por pelo menos uma semana. Nesta quarta-feira, boa parte das crianças e adolescentes já estava afastada das atividades.


A paralisação indignou pais de alunos que participam do programa de reciclagem, em funcionamento no local. Eles temem que o afastamento seja definitivo. ''Eles aprontaram tudo isso sem aviso nenhum. As crianças precisam dessa escola. Quando não tiver ninguém pra cuidar dos meus filhos vou mandá-los para a casa do prefeito (Nedson Micheleti)'', revoltou-se Taiza Marques da Silva, 43 anos. Ela afirma que, se a direção insistir em manter os alunos afastados da escola, os pais irão promover manifestações em frente à prefeitura.

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Os participantes do programa de reciclagem também estão preocupados com o destino dos próprios trabalhos. Eles dizem que receberam um prazo, até segunda-feira, para se retirarem do terreno da Escola Oficina. ''Nós vamos para a rua? Eu não posso abrir mão disso aqui'', reclamou Noeli Correia de Oliveira, 34 anos, que diz tirar R$ 220,00 por mês da coleta de lixo. Ela teme perder também o direito à Bolsa-Escola, se o filho de 17 anos perder a vaga na instituição.


Ainda há centenas de sacos cheios de lixo no depósito da escola e, segundo os coletores, não será possível conseguir um comprador em menos de uma semana.

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Os pais protestam ainda contra os cortes bruscos de benefícios que eram promovidos pela Acalon. Eles relataram que, de um dia para o outro, perderam o direito a refeições, vales-transporte e até ao acesso a material para limpeza dos banheiros comunitários.


Ontem, segundo relatos de pais e funcionários, alunos quebraram vidros e objetos da escola, se tornaram agressivos, pularam na piscina e subiram nos telhados. Esse último gesto ainda era repetido hoje, conforme apurou a reportagem.

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''A gente já tinha se acostumado com o pessoal que trabalhava na escola. E se eu sair daqui vou ter que catar papel'', disse o aluno T., 13 anos. Vinte e cinco funcionários que serão afastados já estão cumprindo aviso prévio. Pelo menos três já sairam da escola.


A nova gerente de Proteção à Criança e ao Adolescente da Escola Oficina, Edsônia Jadma de Souza, argumentou que a reação dos pais e alunos ''é normal''. Disse também que houve apenas agressão verbal e que a confiança dos alunos tem que ser conquistada aos poucos. ''Há alunos mais resistentes, que ameaçam 'chutar nossa canela', mas não passa de agressão verbal. É normal, eles estão preocupados com o destino que terão'', justificou.

A coordenadora-geral da escola, Nanci Fátima Camargo, garantiu que os pais de alunos vinham sendo alertados, pela direção da Acalon, sobre as mudanças. Ela não precisou por quanto tempo a escola permanecerá fechada.


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