A Polícia Civil ouviu nesta semana o passageiro da Kombi, em que o motorista atropelou e matou quatro crianças em setembro, no distrito de São Luiz, na zona rural de Londrina. O homem, que tem 65 anos, é um novo personagem no inquérito, já que a informação chegou aos investigadores por meio de testemunhas. Em oitivas, o condutor do veículo ficou em silêncio quando foi questionado se havia mais alguém com ele no dia do acidente.
Já o ajudante do motorista, que vendia produtos de limpeza na região, relatou no interrogatório – sob condição de testemunha e não investigado – que o idoso de 73 anos estaria em alta velocidade. “Disse que teria ficado com medo e pedido para o condutor reduzir a velocidade, o que não foi feito. Disse que realmente o sol atrapalhou a visão do motorista e que ele teria avistado as crianças na pista e o informado, logo em seguida aconteceu o atropelamento”, detalhou o delegado Silvio Cardoso.
O homem ainda afirmou que foi embora com medo de ser agredido. “Ele disse que ficou com receio por conta da aglomeração de pessoas e que alguém o avisou que a população estava revoltada. Por isso, pegou o ônibus e foi embora. Afirmou que ficou sabendo que a polícia estava a sua procura após ver matérias veiculadas na imprensa”, destacou.
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Morreram no acidente as irmãs Kemilly e Kelli Silva, de 11 e 6 anos, respectivamente, e os gêmeos Adrian e Vinicius, de sete anos. Eles voltavam da escola quando foram atingidos pela Kombi no final da tarde na PR-538, a poucos metros da entrada da estrada de terra que levava até a propriedade das famílias. O trecho não tem calçada e as crianças estariam na margem da pista.
De acordo com a Polícia Científica, o Sol teria prejudicado a visualização do motorista, entretanto, a velocidade mínima que trafegava não foi determinada por falta de parâmetros probatórios. O delegado comentou que a fala do passageiro confirma a suspeita da Polícia Civil sobre a alta velocidade. “Uma outra testemunha presencial disse que ele estava em alta velocidade, os elementos colhidos apontam para isso. Além disso, têm as próprias lesões das vítimas, em que três morreram de forma instantânea”, listou.
O inquérito deve ser finalizado em até dez dias e remetido ao MP-PR (Ministério Público do Paraná). “Vou manter o indiciamento de homicídio com dolo eventual (quando assume o risco de matar), que foi o indiciamento do flagrante. Caberá ao Ministério Público o entendimento se foi culposo (sem intenção) ou com dolo”, explicou.
A FOLHA procurou a defesa do motorista da Kombi, porém, não obteve retorno até a finalização da matéria. Ele chegou a ser preso, mas hoje responde o processo em liberdade.