Cerca de 200 manifestantes protestaram neste sábado (28) em Londrina contra a cultura do estupro. O repúdio contra o caso de estupro coletivo de uma garota de 16 anos, que aconteceu há uma semana, no Rio de Janeiro, marcou o tom da revolta. No entanto, as denúncias se estenderam aos casos de agressões físicas, psicológicas e sexuais sofridas pelas mulheres em todo o mundo.
A fotógrafa Kimberly Nobille, de 18 anos, contou que o movimentou começou nas redes sociais e foi criando corpo com a adesão de várias pessoas indignadas. "A insegurança, o medo de sair às ruas durante a noite é um sentimento comum a várias mulheres em todo o País. Mas é só com mobilização que podemos mudar esse quadro", comentou.
A amiga dela, Laís Brucki, de 22 anos, considera que o caso ocorrido no Rio, onde uma adolescente foi estuprada por mais de 30 homens, é apenas a ponta do iceberg. "Os dados mostram que a cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. Temos que erguer nossa voz contra isso. Se não houver luta, a tendência é que a situação piore", avaliou. A aglomeração começou tímida, no Calçadão Central, mas aos poucos foi reunindo várias mulheres de todas as idades, além de uma minoria formada por homens.
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Com faixas e cartazes, o grupo percorreu o Calçadão até a Concha Acústica. Durante o percurso, a passeata parou na rotatória da Avenida Senador Souza Naves. De mãos dadas, os manifestantes chamaram a atenção de quem passava pelo trecho. "A violência é diária e não é só com o estupro, mas com o assédio na rua, com a culpabilização da vítima, das brincadeiras", criticou Bárbara Albertoni, de 19 anos.
A secretária municipal de Políticas Públicas para Mulheres, Sônia Medeiros, também participou do evento e pintou o rosto de preto em sinal de protesto à violência contra as mulheres. "A situação é tão caótica que se você me perguntar quantos casos de agressão contra mulheres temos em Londrina, não há quem saiba responder. Digo isso porque as estatísticas oficiais são subnotificadas." Para ela, a chave para mudar a situação é estimular as denúncias. "As mulheres não podem proteger quem as agride."
Elaine Galvão, da Rede Feminista de Saúde, destacou os danos psicológicos para as vítimas de agressão. "Nós que trabalhamos com o atendimento sabemos o estrago causado pelos vários tipos de violência, que infelizmente hoje é legitimada pela cultura machista", lamentou. Anderson Lemos Guedes, de 24 anos, foi um dos poucos homens a participar do protesto. "Estamos passando por um momento de retrocesso com medidas políticas que anularam as mulheres, enquanto na verdade elas devem ser cada vez mais protagonistas".
Na noite de sexta-feira, centenas de pessoas se reuniram na Praça Santos Andrade, no Centro de Curitiba, como forma de indignação contra o estupro coletivo registrado no Rio. Na noite anterior cerca de 40 pessoas fizeram uma vigília pela vítima carioca e pelo direito das mulheres.