Nenhum usuário do transporte coletivo de Londrina poderia ter imaginado uma sexta-feira 13 pior. Dois ônibus foram completamente destruídos por manifestantes que protestavam contra o reajuste da tarifa, que desde o dia 1º de junho custa R$ 1,60, e um deficiente visual de 21 anos foi atropelado na região do Terminal Urbano. Vários protestos foram realizados desde o aumento da passagem.
Os descontentes chegaram ao local por volta do meio-dia e bloqueram a saída de ônibus dos dois pisos. Algum depois já eram centanas de manifestantes. Por cerca de quatro horas e meia, os veículos não circularam. Os manifestantes eram em sua maioria estudantes secundaristas, de escolas estaduais da área central da cidade.
O 5º Batalhão da Polícia Militar (BPM) deslocou 220 homens para tentar garantir a volta do fluxo dos ônibus. O presidente da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Wilson Sella, foi chamado logo no início do protesto para conversar com o estudantes. Ele relatou que foi hostilizado. ''Fui empurrado e jogaram canudinhos em mim. Não queriam negociar nada, ficaram dizendo apenas que a tarifa tinha que baixar'', disse Sella.
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Segundo ele, o protesto foi conduzido por pessoas que não estão ligadas ao movimento estudantil e que tinham intenções políticas. Antes mesmo do presidente da CMTU deixar o local, os manifestantes diziam que só iriam embora depois de falar com o prefeito Nedson Micheleti (PT). Os ônibus, que não podiam entrar no Terminal, formavam filas na rua Benjamin Constant que iam até a avenida Higienópolis (três quadras), ou nas calçadas das ruas da região que estavam liberadas.
Às 15h25, aconteceu o momento mais dramático da tarde. A PM formou um corredor humano em volta de dois ônibus, um da linha 302-Hedy, e outro com a indicação ''Recolhe'', que tentavam sair. Os estudantes, entretanto, se posicionaram da frente do primeiro veículo e tentaram impedir que ele avançasse, na esquina da Benjamin com a avenida São Paulo. O motorista do 302 acelerou duas vezes e atingiu um jovem identificado como Anderson Amaurilio, 21 anos, deficiente visual e morador do conjunto João Turquino (zona oeste).
Alterados, os manifestantes começaram a apedrejar os ônibus e atingi-los com pedaços de pau. Mesmo com pessoas dentro dos ônibus, os manifestantes continuaram a depredar os carros. O Pelotão de Choque da PM chegou dez minutos depois, mas o grupo de descontentes tinha dispersado. Só então os dois ônibus foram deslocados do local. Ninguém foi preso.
Os estudantes entoaram gritos de ''assassino, assassino'', mas a maioria acabou indo embora. A PM organizou outro corredor humano, e desta vez conseguiu com que o fluxo de ônibus fosse restabelecido. Às 16h45, o trânsito na região estava normal.
O comandante do 5º BPM, tenente-coronel Rubens Guimarães, não considerou que a Polícia se precipitou ao formar o primeiro corredor humano. ''Tentamos tirar os ônibus num momento em que os estudantes estavam afastados, mas aí eles voltaram e ficaram na frente'', disse o comandante. Ao final da confusão, muitas pessoas aproveitaram para entrar de graça no Terminal. Em 1989, um protesto de usuários também provocou destruição no Terminal Urbano.