A falta de perspectivas, o preço dos aluguéis e a vontade de ter uma casa própria estão entre os motivos que levaram cerca de 300 famílias a invadirem nesta segunda-feira (27) o fundo de vale localizado na avenida Ana Caputo Piacentini, no Maria Cecília, zona norte de Londrina. A demarcação dos lotes, de 8 metros quadrados cada, foi realizada na última semana.
De acordo com Maria Aparecida Lopes, representante dos ocupantes, a maioria buscou na invasão uma alternativa à falta de respostas da Companhia de Habitação de Londrina. "Quem está aqui tem ficha na Cohab há mais de cinco anos e não conseguiu uma casa. Muitos não têm mais como pagar aluguel e foram despejados, não têm para onde ir", afirma. Segundo ela, desde que a invasão foi noticiada, mais famílias estão chegando ao local. Atualmente, pelo menos 400 estariam no assentamento.
"Nós não queremos briga, só queremos moradia. Não vamos sair enquanto não conseguirmos uma casa", diz. Maria Aparecia conta que no ano passado se animou quando soube que o Residencial Ilha Bela (zona leste) estava sendo construído. "Mas eu cheguei na Cohab e me disseram que eu precisaria renovar meu cadastro e não tinha previsão de quando me dariam uma casa. Tenho quatro filhos e pagava aluguel de R$ 450,00, não dava mais pra continuar", explica.
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Enquanto uma solução definitiva não é encontrada, Maria Aparecida, em nome dos demais ocupantes da área, afirma que espera ter uma conversa com as autoridades. "Não precisa nem dar a casa, só um terreno pra gente construir já basta. Esperamos alguém vir conversar com a gente, fazer uma negociação. Um funcionário da Cohab passou por aqui olhando, mas ninguém veio falar com a gente."
Questão ambiental
Na semana passada, Hoffmann havia informado que a invasão era irregular, pois trata-se de área de preservação ambiental. Uma denúncia deve ser protocolada na Promotoria de Defesa do Meio Ambiente. A orientação da Cohab é para que as pessoas façam cadastro e aguardem serem chamadas.
Histórico recente
No último dia 14, aproximadamente 300 famílias invadiram um terreno particular no conjunto São Jorge, zona norte. Hoffmann disse que a Cohab apurou que 90% das famílias que permanecem no local são moradores do bairro. "Já entramos em contato com os líderes comunitários para que a área seja desocupada. O local é particular e uma ação de reintegração de posse pode prejudicar os moradores interessados em moradias. Próximo ao Novo Horizonte, um outro projeto prevê a construção de 500 casas em 18 meses. As pessoas que permanecem no terreno privado podem ser beneficiadas, por isso, a desocupação é importante", avaliou Hoffmann.