A Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde pretende coletar amostras da água fornecida pela Sanepar, para saber se há traços de produtos com potencial cancerígeno. A medida foi tomada de maneira preventiva, depois que o deputado federal Max Rosemann (PSDB) denunciou que a Sanepar estaria colocando cloro demais na água, formando produtos químicos nocivos à saúde, conhecidos como trialometanos.
A denúncia do deputado não tem respaldo científico, mas teria sido feita com informações extraoficiais de dentro da própria empresa. No entanto, a Sanepar nega que esteja usado de maneira inadequada o cloro. A empresa garante que o produto fornecido à população respeita o que estabelece a legislação do Ministério da Saúde e o que preconiza a Organização Mundial da Saúde. A direção da empresa não descarta a possibilidade de acionar judicialmente Max Rosemann para que comprove as acusações.
A coleta de água acontece nos próximos dias, principalmente na parte da rede de abastecimento vinda das estações de tratamento do Iguaçu e do Tarumã. "Por enquanto, não existem razões para desconfiar dos exames laboratoriais fornecidos pela Sanepar trimestralmente", afirmou Celso Rúbio, técnico do Centro de Saúde Ambiental, vinculado a Vigilância Sanitária.
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Rúbio disse que os exames indicam que a água da Sanepar obedece a portaria do Ministério da Saúde que regulamentam o nível e cloro e de trialometano na água. O ideal estipulado é que sejam usados 2 miligramas de cloro livre/litro de água. Já quanto aos trialometanos, o índice deve ser de 100 microgramas/litro.
A Sanepar disse que já obedece estes patamares. O residual de cloro fica em torno dos 2 miligramas. Já os trialomentanos, estariam em todo o Paraná na faixa entre 20 a 30 microgramas. Em Curitiba subiria para acima de 30 microgramas e atingiria 50 microgramas na região metropolitana. O deputado disse que a Sanepar vem colocando até 50 miligramas de cloro por litro.
A bióloga da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS), Alexandra Andrade, explicou que o trialometano se forma quando a quantidade de matéria orgânica natural ou depositada nos rios interage com o cloro. Quanto a maior quantidade de cloro colocado, maior a possibilidade de formar estes componentes cancerígenos.
Saneamento
O alerta sobre o cloro preocupa porque os mananciais da cidade estão sendo atingidos pelo esgoto despejado nos rios. O saneamento nessas regiões tem sido insuficiente. Segundos dados da própria Sanepar, nos municípios de São José dos Pinhais, Araucária e Piraquara, onde ficam as estações de tratamento Iguaçu, Passaúna e Iraí, a maioria da população despeja seus esgotos diretamente nos rios ou em fossas.
Com a poluição aumenta a quantidade de matéria orgânica na água, que reagindo com cloro produzem o trialometano, que em grandes quantidades causa câncer. E esse composto orgânico não é eliminado por fervura da água, ao contrário do que acontece com o cloro. E só é retido, mas em pequena quantidade, pelo carvão ativado.
Dos rios da Capital, o Iguaçu é o que mais sofre com a poluição. Em São José dos Pinhais, onde fica o manancial do Iguaçu, 38,18% do esgoto é coletado e dessa quantidade 57,55% é tratado. Na região do Passaúna, o percentual de coleta fica em torno de 30,58%, sendo que 74,92% é tratado. A mesma situação acontece no manancial do Iraí. Juntas, essas unidades de processamento da Sanepar produzem 561 milhões de litros de água.