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Neste domingo

Ato pelas dez medidas reúne oito mil em Curitiba, diz PM

Mariana Franco Ramos - Grupo Folha
04 dez 2016 às 18:08

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- Mariana Franco Ramos/Grupo Folha
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Mais de oito mil pessoas, conforme a Polícia Militar (PM), participaram do protesto em Curitiba neste domingo (4) contra as mudanças no pacote anticorrupção. Os manifestantes começaram a chegar à sede da Justiça Federal do Paraná (JFPR), no bairro Ahú, por volta das 15 horas, e permaneceram até o final da tarde. O local é considerado emblemático, por ser onde trabalha o juiz federal Sergio Moro, responsável por julgar os processos da Lava Jato em primeira instância. Para os organizadores, porém, o público ultrapassou 50 mil. Além da capital paranaense, aconteceram atos parecidos em outros 12 Estados e no Distrito Federal.

O principal alvo das vaias e sátiras foi o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Mas os participantes também criticaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) e o atual, Michel Temer (PMDB-SP). Muitos carregaram cartazes de apoio a Moro e aos procuradores da força-tarefa da operação. Do alto do caminhão de som, um dos líderes do Movimento Brasil Livre (MBL), Eder Borges, falou que a mobilização na capital paranaense foi a segunda maior do País em adesão, atrás apenas da que ocorreu na Avenida Paulista, em São Paulo. Borges puxou coros de "viva Sergio Moro" e "a nossa bandeira jamais será vermelha".

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O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Luiz Campagnolo, recebeu agradecimentos, por ter ajudado a financiar o ato. Na avaliação do empresário, a "República de Curitiba" está cumprindo com o seu dever. "A Justiça Federal que merece uma salva de palmas. Precisamos de juízes, promotores e policiais federais independentes e responsáveis; de outros Moros e Deltans, para que nosso Brasil seja passado a limpo. A resposta das ruas é fundamental. Temos hoje 13 milhões de desempregados e gente que não vai ter condições de levar alimentos para as mesas no Natal e no Ano Novo", discursou.

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Membro do Movimento Curitiba Contra a Corrupção e do Movimento Popular de Fiscalização Política, Narli Resende afirmou que participa das mobilizações desde 2011. "A gente colheu assinaturas, a favor das dez medidas, e está revoltado, porque o pessoal lá em Brasília simplesmente ignorou a vontade popular e descaracterizou o projeto. Então, nós vamos brigar até eles voltarem ao original". O projeto de lei 4850/2016, com diversas emendas, foi aprovado na semana passada pela Câmara, devendo passar ainda pelo Senado.

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A arquiteta Lilian Grossman chegou à sede da JFPR com o marido. Ela contou à reportagem que sempre vai às ruas, mas que não integra nenhuma entidade. "Todas as pessoas estão revoltadas com essa situação, esse excesso absurdo de corrupção e os políticos tentando atuar contra as dez medidas, para salvarem a própria pele (...) Tem que dar um grande apoio à Lava Jato, aprovar o fim do foro privilegiado, para ter rapidez com a Justiça, porque os corruptos se escondem atrás de processos que demoram anos no Supremo".


Renúncia coletiva


Na quarta-feira (30), membros da força-tarefa da Lava Jato ameaçaram abandonar os trabalhos se o abuso de autoridade entrar em vigor. A matéria lista situações em que magistrados poderão ser processados, com pena de seis meses a dois anos de reclusão. "Nós somos funcionários públicos, temos uma carreira do Estado, e não estaremos mais protegidos pela lei. Se acusarmos, poderemos ser acusados. Nós podemos responder inclusive pelo nosso patrimônio (…) Nossa proposta é de renunciar coletivamente caso essa proposta venha a ser sancionada pelo presidente", disse o procurador Carlos dos Santos Lima.

Além dessa questão, os parlamentares alteraram outros pontos-chave do PL, como a criminalização do enriquecimento ilícito e a criação do "reportante do bem", figura que receberia recompensa por denunciar ilegalidades no setor público. A Câmara também excluiu o trecho relativo ao acordo penal, onde a sanção poderia ser negociada e aceita pelo autor do delito, e tirou todas as regras sobre celebração de acordo de leniência. Rejeitou, ainda, o aumento do prazo de prescrição dos crimes e a ideia de passar a contá-los a partir do oferecimento da denúncia, ao invés da data do seu recebimento.


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