Os caminhoneiros em greve não poderão realizar protestos em toda a BR-277. Uma determinação do juiz da 1ª Vara Federal em Curitiba, Zuudi Sakakihara, proibiu qualquer manifestação na estrada. Quem tentar parar caminhão ou fazer piquete na faixa de domínio (que abrange a pista, acostamento e alguns metros além dele) pode ser multado em R$ 5 mil. Os caminhoneiros prometem desrespeitar a medida.
O despacho foi baseado em pedido da Advocacia Geral da União, que solicitou uma ação de interdito proibitório. A medida pode abrir precedentes para outras rodovias. Anteriormente, a mesma Justiça Federal concedeu o interdito para as concessionárias do Anel de Integração, quando sem-terra prometeram protestar, em função da luta do pedágio.
Ontem o oficial de Justiça foi notificar os réus - as entidades representantivas dos Caminhoneiros e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). As duas entidades fecharam a rodovia no Interior do Estado. Mas, o representante da Justiça não encontrou nenhum líder para receber a documentação.
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O juiz Zuudi Sakakihara entendeu que o direito de ir e vir dos cidadãos não estava sendo respeitado. Mas o presidente regional do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MBUC), André Felisberto, considerou o interdito proibitório como uma provocação do governo federal. "Ao invés de ir na Justiça, deveria conversar com a categoria", alfinetou. Felisberto disse que os caminhoneiros não vão respeitar a decisão. "Ninguém tem dinheiro para pagar a multa e se tiver que ser preso pelo menos vamos ter comida e casa de graça", provocou.
Felisberto disse que a categoria interditou a via, como forma de forçar o governo a negociar. "Também é um protesto em função dos maus tratos da Polícia Rodoviária Federal contra os caminhoneiros", afirmou. Quanto à ação, ele avaliou que vai fortalecer a categoria, por ser uma injustiça.
Porém, na avaliação do juiz, o direito da manifestação dos caminhoneiros não está em julgamento. "Examina-se a ilegalidade do meio utilizado", afirmou. Com o protesto, prosseguiu o Zuudi Sakakihara, os caminhoneiros estariam agredindo as garantias individuais asseguradas na Constituição. "Espera-se das entidaes que aglutinam a classe, soluções criativas e inteligentes que lhes permitam conquistar direitos, sem trilhar o caminho fácil, mas injusto, da agressão violenta ao patrimônio da sociedade", sentenciou.