Entidades ambientalistas, representantes de universidades e institutos de pesquisa dos estados da Região Sul do Brasil (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) iniciaram esta semana a campanha "Levante a mão em defesa da araucária". A intenção é estabelecer uma série de ações visando a adesão dos governos para que o corte de florestas nativas seja proibido nos três estados.
"Os resultados parciais que temos sobre as florestas com araucária podem ser considerados como uma derrota para todos nós. Precisamos que algo seja feito emergencialmente para impedir que no futuro não tenhamos mais araucárias no Brasil", declarou o ambientalista Clóvis Borges, diretor executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).
Originalmente, as florestas com araucária cobriam cerca de 185 mil quilômetros quadrados no Brasil. As matas eram concentradas no Paraná (37%), Santa Catarina (31%) e Rio Grande do Sul (25%). Deste total, estima-se que apenas 410 quilômetros quadrados (0,22% da área original) dos pinheirais estejam parcialmente protegidos.
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Os dados do SPVS demonstram que o Paraná (principalmente na região Centro-Sul) detinha 7,5 milhões de hectares de cobertura de florestas nativas com araucárias. Atualmente, o Estado tem menos de 1% desse total. "E o que sobrou está em áreas onde a biodiversidade é pobre. Estamos no fundo do poço. Não queremos proteger apenas a árvore, a araucária, queremos proteger toda a área onde ela está. O ecossistema", complementou.
A campanha deverá contar com o apoio popular. Para isso, estão sendo colocados 145 outdoors no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O público pode dar apoio à iniciativa através do site www.sosaraucaria.com.br ou pelo telefone 0800-414411. "A campanha será permanente. Faremos uma série de ações para sensibilizar o poder público", salientou Borges.
A agenda mínima organizada pelas entidades que fazem parte da campanha prevê que sejam feitas pesquisas (inventário a cada cinco anos, criação de banco de dados sobre a floresta com araucária, impacto profissional do pinhão e técnicas de manejo), unidades de conservação (revisão de florestas nacionais para transformação em unidades de conservação de uso indireto - como Irati, Três Barras e Caçador, criação de novas áreas nos três estados).
Também estão previstas ações de fiscalização (adequação dos planos de manejo às determinações legais, integração dos órgãos responsáveis pela fiscalização), planejamento e políticas (isenção e incentivos fiscais para atividades agroflorestais para pequenas propriedades em áreas de vocação florestal, programas de recuperação de áreas degradadas, estímulo de programas de produção de mudas), compensação (mecanismos de compensação para manutenção da floresta, certificação de produtos "amigos da Araucária") e legislação (proibição da comercialização do pinho e da imbuia, finaciamentos diferenciados via Banco do Brasil).