Os 160 carrinheiros de Curitiba, que participaram do Encontro de Catadores de Material Reciclável promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), neste final de semana em Curitiba, deverão se organizar em associações para buscar a regularização e o fortalecimento da categoria. Eles querem ser reconhecidos como autônomos e conquistar os mesmos direitos dos demais trabalhadores.
Em Curitiba existem cerca de 5 mil catadores, que recolhem aproximadamente 375 toneladas de material reciclável por dia.
A idéia de organizar os catadores em associações que, posteriormente, possam constituir uma federação, tem o objetivo, também, de eliminar a figura do atravessador. Segundo Serginho Athayde, da Agência de Desenvolvimento Solidário da CUT, muitos dos carrinheiros submetem-se a um regime de semi-escravidão . "A pessoa mora no depósito, paga o aluguel, a comida e, no final do mês, acaba ainda devendo dinheiro para o atravessador", denunciou.
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A partir das associações, explicou Athayde, esses trabalhadores podem criar cooperativas para o beneficiamento do lixo reciclável que, segundo ele, é onde está o maior ganho. "A intenção é que os carrinheiros dominem toda a cadeia produtiva", afirmou, citando como exemplo a situação dos catadores do Rio Grande do Sul.
Para Athayde, um dos grandes problemas dos catadores de papel de Curitiba é que eles acabam competindo com os caminhões de coleta do "Lixo que não é Lixo", da Prefeitura de Curitiba. Organizados, o representante da CUT acredita que os catadores poderão conquistar o apoio da população para que separem o lixo e entreguem a eles e não para o caminhão.
João Maria da Silva, que foi catador de papel durante 20 anos e hoje conserta os carrinhos é um dos organizadores dos carrinheiros de Curitiba. Para ele, a falta de um ponto fixo para o catador entregar o lixo sem que seja explorado é o principal problema da categoria. Silva diz que espera ter apoio da prefeitura, principalmente, para viabilizar um espaço que sirva de depósito, onde os catadores possam estocar o material até conseguir o melhor preço para a venda. Segundo ele, não havendo atravessadores, os catadores podem triplicar seus ganhos. Um catador ganha em média de R$ 12,00 a R$ 15,00, por dia.