A Copel acumulou ao longo de sua história um investimento equivalente a R$ 13,7 bilhões em construção de usinas, redes de transmissão e distribuição de energia. Mas pelos cálculos do governo ela será vendida por R$ 3 bilhões, conforme prevê o orçamento estadual deste ano. O estudo preliminar que revela o investimento começou a ser feito ontem pelo Sindicato dos Engenheiros do Paraná e demais entidades que pretendem lutar contra a privatização da companhia de energia.
O valor apurado pelos engenheiros toma como base dados divulgados pela empresa nos últimos anos e informações obtidas junto ao mercado. O que chamou atenção do sindicato, no entanto, é que o total investido nas últimas décadas é quatro vezes e meia inferior em relação à previsão que o governo tem de arrecadar com a venda da companhia.
O orçamento aprovado pela Assembléia Legislativa para este ano prevê arrecadação de R$ 3 bilhões com a privatização da empresa, que deve ocorrer até outubro. O valor foi estimado pelo governo do estado que se baseou nos ativos da empresa, no endividamento e na capacidade de crescimento. Na avaliação de alguns engenheiros que trabalham na própria estatal, faltou incluir o patrimônio referente às usinas e subestações em todo o Estado.
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"Se fosse para começar do zero e construir todo o patrimônio físico que a Copel tem hoje seriam necessários aproximadamente os R$ 13,7 bilhões", afirmou ontem o diretor do Sindicato dos Engenheiros, Luiz Carlos Soares. Numa avaliação inicial feita pelo sindicato, os investimentos em geração somam R$ 7 bilhões e em transmissão e distribuição foram cerca de R$ 5 bilhões. Outros investimentos, principalmente no setor de telecomunicações, chegariam a R$ 1,5 bilhão.
O presidente do Sindicato dos Engenheiros, Carlos Roberto Bittencourt, alertou que tem de se levar em conta a depreciação que o patrimônio da Copel sofre ao longo dos anos. "O levantamento é sobre os valores investidos", alertou Bittencourt.
A Copel tem 18 usinas hidrelétricas que foram construídas nos últimos 40 anos. Entre elas estão a Ney Braga, onde foi investido R$ 900 milhões, e Caxias com R$ 1 bilhão. Há ainda a usina de Foz do Areia que custou R$ 1,35 bilhão. A maiorias das hidrelétricas foi erguida com financiamentos internacionais, como, por exemplo, do Banco Mundial.
O preço de venda da Copel será determinado pelos advisers (empresas contratadas para preparar a estatal para o leilão de privatização).