"Não podemos manipular a natureza para produzir mais até aprender o que a natureza está fazendo por nós". Este pensamento poderia resumir a filosofia de um ambientalista fanático contrário aos produtos transgênicos ou de um naturalista. A frase, no entanto, foi dita, nesta segunda-feira, em Curitiba, pelo empresário belga Gunter Pauli,
Pauli é mestre em Administração e em Economia por universidades da França e da Bélgica. Ele é considerado "um dos líderes do mundo" pelo Fórum de Economia Mundial, justamente em função de suas idéias de aproveitar 100% do que a natureza venha a oferecer, sem desperdício de nenhum resíduo.
O cerne do conceito Zeri (sigla em inglês que significa Iniciativa de Projetos de Emissões Zero), criado por ele, é a execução de projetos para o aproveitamento econômico de todos os resíduos e efluentes nas cadeias produtivas. Como consequência, além dos ganhos econômicos, ele salienta a redução da poluição, uma vez que o meio ambiente ficará livre de resíduos antes disperdiçados.
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Além de defender o conceito Zeri na cadeia econômica, a tese acabou ganhando destaque também na educação, depois que em 1996 o físico austríaco Fritjof Capra usou pela primeira vez a expressão Albabetização Ecológica. Em parceria, os dois escreveram um livro sobre a necessidade de se compreender melhor como funcionam os diversos ecossistemas e utilizar estes princípios para organizar as comunidades humanas de forma sustentável, ou seja, garantindo o atendimento de suas necessidades básicas sem agredir a natureza. Pauli também criou 12 historinhas para serem usadas na educação infantil.
Esta teoria foi tema da palestra "O que podemos aprender com a natureza", feita por Pauli para mais de 7 mil professores da rede municipal de ensino, que participam da Semana de Estudos Pedagógicos, promovida pela Secretaria de Educação de Curitiba.
"O projeto de educação de Zeri foi criado para dar poder às crianças de projetarem seu próprio futuro, para que elas tenham auto-confiança e se inspirem e criem e não fiquem apenas no óbvio", afirmou, lembrando a necessidade de se conscientizar as crianças sobre as potencialidades do meio ambiente.
"Experiências como estas mostram que pode haver futuro para as crianças no campo, onde elas vivem, e elas não precisam ficar tentadas a ir para as grandes cidades", disse. Citando exemplos do projeto Zeri praticados em mais de 20 países e com projetos-piloto abrangendo 30 setores econômicos, ele lembrou duas experiências praticadas no Brasil.
Na cidade de Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul, 40 produtores de arroz utilizam não apenas o grão, mas também a casca e palha do arroz na produção de cogumelo e construção de casas. Outro produto usado com sucesso na construção de casas, segundo ele, é o bambu.
Segundo o secretário Municipal de Educação, Paulo Afonso Schmidt, a Semana Pedagógica, está centrada este ano em dois eixos bem distintos: a ecologia e a aprendizagem através do uso de tecnologias. "Queremos um ensino mais adaptado às novas tendências da área da educação", disse.
Nesta terça-feira, os professores assistem conferências de dois dos maiores estudiosos da tecnologia da educação, David Cavallo e Seymour Papert, que defende desde a década de 60 o uso de computadores em salas de aula.