Em 2000, havia 2.351.408 veículos no Paraná; dez anos depois, em junho de 2010, são 4.843.886 automóveis, o que representa um crescimento de 205,99% da frota. A população do estado, no entanto, cresceu muito menos. Há 10 anos, eram 9.564.643 habitantes. A estimativa populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2009 foi de 10.686.247, o que corresponde a um crescimento de 11,72%.
Supondo que as taxas de crescimento possam ser aplicadas para os próximos dez anos, em 2020, o Paraná teria a astronômica frota de 9.977.920 veículos; sua população seria, de aproximadamente, 13 milhões de habitantes. Ou seja, em 2000, havia um carro para cada quatro habitantes. Em 2020, a proporção seria de quase um carro por habitante.
Hoje, considerada a frota atual e a estimativa populacional de 2009, existe um carro para cada dois habitantes. Em Londrina, a frota, segundo o levantamento de junho de 2010, é de 274.302 veículos e a estimativa populacional de 2009 é de 510.707 habitantes, o que perfaz a proporção de um automóvel para casa 1,86 habitante.
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"Se nada for feito, este crescimento poderá se confirmar. Isso vai depender do planejamento e das medidas que forem tomadas para incentivar o uso do transporte coletivo, por exemplo", disse a professora Márcia de Andrade Pereira, do Departamento de Transportes da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
O crescimento da frota, explicou a professora, ocorreu devido "ao descaso com o transporte coletivo" e às facilidades na compra de automóveis, como a redução de impostos e financiamentos. "Muitas vezes, só se começa a tomar providências depois que o caos está instalado", disse a professora. "Muitas cidades de São Paulo já têm um carro por habitante e isso ocorre quando nada é feito".
O uso do transporte coletivo, a construção de ciclovias, o uso da carona e o incentivo às caminhadas podem reduzir a tendência de crescimento da frota cujas consequências seriam melhor fluxo dos veículos nas grandes cidades e diminuição do número de acidentes.
No entanto, Márcia Pereira ressalta que as medidas para melhorar a fluidez do trânsito não podem ser individuais. "O que tem que ser feito é melhorar todos os modais de transporte. O transporte coletivo precisa ser mais abrangente, rápido, pontual e confortável. Ônibus superlotados não incentivam as pessoas a deixarem seu veículo e se locomoverem com o transporte coletivo", disse.
Ela explicou ainda que é preciso construir ciclovias não apenas para lazer, mas que sirvam como alternativa de transporte para quem desloca ao trabalho e à escola, por exemplo. Calçadas quebradas também são motivo para que as pessoas prefiram usar o carro em vez de fazer pequenos trajetos a pé.
Márcia Pereira lembrou que grandes cidades, em vez de construir estacionamentos nas áreas de maior movimento, instalam estacionamentos perto de estações de metrô e terminais de ônibus. "As pessoas vão de carro até um certo trecho do caminho e fazem o restante do trajeto em transporte coletivo, reduzindo o fluxo nas áreas de maior congestionamento".
O crescimento da frota e o uso diário dos carros, além dos congestionamentos, também trazem repercussões para o meio ambiente e para a saúde, uma vez que, mais veículos em movimento causam mais poluição ambiental e aumentam a possibilidade de acidentes. "Hoje, o transporte é vital, mas não há prioridade na destinação de recursos para projetos que importam mudanças perceptíveis", opinou a professora.
Apesar disso, ela acredita que está havendo uma mudança de concepção sobre os problemas do tráfego. "Muito lentamente isso tem ocorrido. Acredito que as coisas possam mudar. Os investimentos, ainda que tímidos, têm ocorrido para incentivar o uso do transporte coletivo".
Motocicletas correspondem a 21% do total de veículos
Um dado que chama atenção na frota paranaense é o crescimento de 369,01% do número de motocicletas em 10 anos. Em 2000, eram 268.562 motocicletas e motonetas (até 100 cilindradas). O número saltou para 991.040 em junho de 2010. Se consideradas apenas as motonetas, o crescimento foi de assustadores 673,12%, ou seja, há 10 anos havia 28.041 veículos deste tipo no Paraná; hoje são 188.751 motonetas.
Isso significa dizer que o percentual de motocicletas em 2000 era de 11,42% da frota paranaense. Hoje, elas representam 20,45% do total de veículos.
Se por um lado as motos contribuem com o trânsito, uma vez que ocupam menos espaço e são melhor aproveitadas (têm lugares para dois passageiros enquanto os carros tem até seis lugares, mas, muito frequentemente, apenas um lugar é ocupado), elas também figuram do lado negativo das estatísticas: o número de vítimas e da gravidade dos ferimentos é muito maior quando há uma motocicleta envolvida em acidente.
Não há dados recentes no Paraná sobre o número de motos envolvidas em acidentes, mas, em 2008, dos 78.157 acidentes registrados no estado – incluindo vias municipais e rodovias estaduais e federais – 27.150 envolveram motocicletas. Neste ano, 313 motociclistas perderam a vida. E, mais uma vez, o trânsito revela números de guerra: no total, foram 1.641 mortos no Paraná.
Interiorização da frota
Os dez municípios mais populosos do Paraná detêm 49,18% da frota, porém, dados do Departamento de Trânsito do Estado (Detran-PR) demonstram crescimento mais acentuado do número de veículos nos municípios menores nos últimos 12 meses.
Enquanto a taxa de crescimento da frota nas dez maiores foi de 6,19%, esse índice foi de 8,42% nos demais municípios. No Paraná, a frota cresceu 7,31% entre junho passado e junho de 2010 e o estado tem hoje um veículo para cada 2,2 habitantes.
Em Londrina, a frota cresceu 6,19% em um ano e número de veículos passou de 258.293 para 274.302. Isso significa que há um automóvel para cada 1,86 habitante. Estão registradas na cidade 60.168 motocicletas, que correspondem a quase 22% do total de veículos.
Proporcionalmente, porém, a cidade com mais carros é Maringá, que tem um veículo para cada 1,46 morador. Em Curitiba, há um automóvel para cada 1,58 morador.
Apesar de ter a maior concentração de veículos, a taxa de crescimento da frota em Maringá nos últimos doze meses foi uma das maiores do estado, em 7,94. O aumento da frota também foi significativo em cidades da região metropolitana de Curitiba e no litoral.