O Greenpeace (organização ambiental internacional) realizou, nesta quarta-feira, sua primeira ação no Paraná. Cerca de 20 ativistas bloquearam o portão de um dos depósitos da empresa paranaense Red Madeiras Tropicais, situada em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Eles acusam a madeireira de comercializar com empresas da Máfia do Mogno - responsáveis pela extração e venda ilegal do mogno da Amazônia, de terras indígenas e públicas.
Segundo Nilo D'Avila, da campanha da Amazônia do Greenpeace, pelo menos 82% (17 mil metros cúbicos) da madeira adquirida pela Red, no ano passado, tiveram origem em cinco empresas pertencentes à Máfia do Mogno: a Pau Brasil, Castelo, Jatobá, Serra Dourada e Millenium, todas localizadas no estado do Pará. A madeireira também foi a maior exportadora de mogno do Brasil em 2001, quando vendeu 8.753 metros cúbicos para o mercado externo. O principal comprador são os Estados Unidos, que adquirem 68% do mogno brasileiro.
O Greenpeace calcula que exista mais cerca de 14 mil metros cúbicos prontos para exportação nos depósitos da Red Madeireira. O protesto começou por volta de 9 horas. Os ativistas colocaram uma motosserra inflável de 6 metros em frente ao portão do depósito, pintaram no muro a mensagem ''Crime x Amazônia'' e afixaram vários cartazes com os dizeres ''Mogno ilegal, nunca mais''. Para impedir a entrada e saída de caminhões, um dos manifestantes, Ronaldo Alba, se acorrentou ao portão. ''Vamos ficar aqui até dois, três dias se preciso, até que a empresa se pronuncie'', disse.
Leia mais:
Defesa Civil do Paraná alerta para risco de fortes tempestades de sábado até segunda
Matrículas da rede estadual do Paraná para 2025 encerram nesta sexta-feira
Motorista morre e passageiro se fere em capotamento em Pérola
Passageiro de van morre em colisão contra base de concreto em Engenheiro Beltrão
Os ativistas exigem que a empresa faça a certificação imediata de seus fornecedores e suspenda o comércio da madeira, enquanto não terminarem as investigações do Ibama sobre o comércio do mogno, retirado ilegalmente da Amazônia. Falando em nome da empresa, o advogado Babyton Pasetti não quis comentar as acusações. Disse, apenas, que a legalidade dos negócios da madeireira poderiam ser comprovadas no Ibama. Ainda de manhã, a empresa entrou na justiça com um pedido de ''interdito proibitório'' para impedir a permanência dos manifestantes em frente ao depósito.
D'Avila ressaltou, ainda, a necessidade do Greenpeace aprofundar sua ação no Paraná, devido a grande quantidade de mogno que vem saindo pelo porto de Paranaguá. Em 2001, 20.238 metros cúbicos saíram pelo porto. No ano passado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) apreendeu 69 mil metros cúbicos de mogno em instalações do porto, resultando em R$ 28,7 milhões em multas. Em dezembro, uma destas apreensões envolveu mogno da Red, ficando comprovado a tentativa da empresa de exportar utilizando autorizações irregulares do Ibama, como forma de acobertar o mogno ilegal.