O gerente-executivo interino do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no Paraná, Nilto Melquíades abriu sindicância para apurar denúncias de recebimento de proprina pelos fiscais do Ibama, Diney Carvalho e Otto Kesseli Júnior.
Acusados de facilitar a exportação ilegal de mogno pelo Porto de Paranaguá, Carvalho e Kesseli Júnior também foram afastados dos cargos, até que sejam concluídas as investigações. Kesseli Junior, que ocupava o cargo de chefe do posto do Ibama no porto, foi substituido por Lício Domitte. A previsão é de que em 30 dias, a Comissão de Sindicância, já tenha um parecer sobre o caso.
De acordo com o delegado Evaristo Kuceki, que investiga o caso, os fiscais estariam recebendo dinheiro para assinar exportações de mogno como se fossem cedro, cuja exportação é legal. Eles estariam enviando o mogno, possivelmente para a África, segundo denúncia anônima, em nome da empresa Robco Madeiras. Caso seja confirmada a suspeita, ambos serão indiciados por corrupção ativa.
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Kuceki desconfia de que os acusados também estejam envolvidos no esquema de exportação ilegal de mogno em que foram indiciados, os proprietários da Depósito Tropical, em Paranaguá, Jair Luiz Dias Nascimento, e da empresa do Belém do Pará, Pau Brasil. No dia 07 deste mês, foram encontrados no Depósito Tropical, 32 contêiners com mogno trazidos de Belém que seriam embarcados pelo Porto de Paranaguá. Foi a maior apreensão da história.
Em entrevista à Folha, Kesseli Junior, que trabalha no Ibama há 41 anos, se aposentou e foi nomeado para assumir o posto do porto, disse que é inocente e que estão usando o nome dele "em defesa de interesses escusos". "Estou com a consciência tranquila. Vou abrir meu livro em que registro as exportações para a Comissão de Sindicância, que vai concluir que não há nenhuma irregularidade", disse.
A empresa despachante Continental Comissária de Despachos, também de Paranaguá, que segundo a denúncia, seria a corruptora, não quis conceder entrevista. Na Robco Madeiras ninguém atendeu ao telefone. A Folha também tentou ouvir Carvalho, mas ele não estava em casa até às 18 horas.
O corte, o transporte e a comercialização do mogno está proibida em todo o País desde o dia 19 de outubro, de acordo com Instrução Normativa 17/01 do Ibama. A exportação também está proibida porque a madeira está em extinção.
Leia mais em reportagem de Erika Wandembruck, na edição da Folha desta quarta-feira