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Internet é tida como vilã em crise nos Eua

(Ponto-com)
23 mai 2001 às 18:53

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Diariamente, às 16h, a Intel apaga metade das luzes de sua sede na Califórnia. Com essa medida, a empresa tenta economizar energia elétrica, cujo preço subiu com a crise energética que a região enfrenta.

Não poderia haver melhor exemplo da situação em que a Califórnia se encontra: 6.000 empregados do principal fabricante de chips para PCs são obrigados a trabalhar no escuro.

Será que a rede elétrica da Califórnia, Estado que abriga o Vale do Silício (centro de empresas de informática mais importante do mundo), tem condições de lidar com o consumo gerado pelos computadores e pela internet?

De acordo com Scott Blakey, porta-voz da PG&E, uma das maiores empresas de eletricidade do Estado, "o sistema elétrico da Califórnia não foi projetado levando em conta a indústria de alta tecnologia".

Há um novo vilão na crise energética californiana, e não são as companhias de luz que não conseguem satisfazer a demanda nem os ambientalistas, cujos regulamentos ecológicos dificultam a construção de usinas elétricas no Estado. Tampouco são os consumidores que não querem fazer economia.

É a internet. Além de ser considerada culpada por praticamente tudo, desde a pornografia infantil até transformações em bairros urbanos, a rede agora é vista como responsável por sobrecarregar a infra-estrutura elétrica dos EUA.

Mas quanta energia é realmente necessária para fazer funcionar a rede mundial de computadores?

Os analistas Mark Mills e Peter Huber alegam que, até 1998, a internet já consumia 8% da eletricidade americana, e que a "economia digital" inteira já gastava 13% dela. Além disso, eles prevêem que, nos próximos 20 anos, a rede consumirá, direta e indiretamente, entre 30% e 50% de toda a energia produzida nos EUA.

Mas, segundo a Comissão de Energia da Califórnia, a demanda energética no Estado aumentou cerca de 2% ao ano no final da década de 90, auge do crescimento da rede. Não é uma porcentagem muito grande: entre 1987 e 1990, o consumo de eletricidade nos EUA subiu 3,3% ao ano, segundo o relatório "Electric Power Annual", publicado pela Administração de Informações sobre Energia.

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Os problemas elétricos da Califórnia se devem a vários fatores, dos quais o mais importante é um esquema de desregulamentação falho, que não incentivou as geradoras elétricas a construir mais usinas no curto prazo, de modo a poder satisfazer a demanda.

As empresas preferiram esperar para ver se seria preciso construir mais usinas.

"A crise elétrica da Califórnia não é relacionada ao aumento da demanda, que está dentro do normal", diz Jonathan Koomey, cientista dos Laboratórios Nacionais Lawrence Berkeley.

Embora ninguém pudesse prever quão rapidamente a recessão californiana se transformaria em boom, fazendo o excedente energético se esvair com o aumento do consumo, um crescimento anual de 2% na demanda não é nada inusitado.

Segundo a equipe de Koomey, a internet gasta menos energia do que se pensa. De acordo com os pesquisadores, todos os equipamentos de escritório, telecomunicações e computação juntos consomem 3% da energia produzida nos EUA.

A coisa acaba se reduzindo a uma guerra de watts. Mills e Huber afirmam que, depois de levar em conta todos os equipamentos usados nos bastidores da internet, como servidores e roteadores, um PC conectado à rede seria responsável pelo consumo de 1.000 W de potência, o equivalente à energia gasta por dez lâmpadas de 100 W. Eles também dizem que um micro de mão conectado à internet gasta tanta energia quanto uma geladeira.

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Mas Koomey e seu grupo acham esses números muito exagerados. Koomey diz que um PC consome de 50 W a 200 W, e que a inclusão de equipamentos "de bastidores" no cálculo acrescentaria apenas 15 W ao total.

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Para alguns cientistas, a internet poderia, na verdade, estar ajudando a reduzir a demanda por energia elétrica.


Joseph Romm, ex-secretário assistente do Departamento de Energia dos Estados Unidos, observa que "antes da internet, a demanda subia 2,9% ao ano", enquanto que, "de 1996 para cá, a demanda vem crescendo apenas 2,2% ao ano".


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