As mulheres de Policiais Militares radicalizaram o movimento pela manhã, em Curitiba. Revoltadas com o teor da entrevista concedida pelo comandante geral da Polícia Militar, Gilberto Foltran, em duas rádios da Capital, elas murcharam os pneus de uma viatura da PM e a colocaram bloqueando o trânsito nos dois sentidos da Avenida Getúlio Vargas, em frente ao Quartel Geral da PM, no bairro Rebouças.
Para esta terça-feira, elas prometem que os maridos recolherão as viaturas para dentro dos quartéis e participarão de uma passeata até à frente do Palácio Iguaçu para tentar uma audiência com o governador Jaime Lerner.
O momento mais tenso desta segunda aconteceu quando agentes do Batalhão de Polícia de Trânsito (Bptran) e da Diretoria de Trânsito (Diretran) tentavam orientar o trânsito, que ficou caótico na região. As mulheres empurraram os agentes obrigando-os a saírem do local.
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As manifestantes prometeram que só liberariam o trânsito depois que houvesse uma negociação com o governo. "Já estamos acampadas há nove dias, mas não vão conseguir enfraquecer nosso movimento. Se o governo prometer que vai reajustar o salário dos nossos maridos em 38% a partir do ano que vem, levantamos acampamento agora. Caso contrário ficaremos aqui e não deixaremos ninguém passar ", ameaçou Roseli Maia.
Pela manhã, o comandante Fontana afirmou durante as entrevistas que tentou por diversas vezes negociar com as mulheres, mas elas mostraram-se irredutíveis. Disse o governo estava acenando com a possilibilidade de pagamento de R$100,00 para os PMs que fizessem horas-extras e que daria aumento de 130% para os PMs que estão trabalhando internamente nas penitenciárias do Estado. "Só negociaremos com elas se abandonarem o movimento", afirmou o comandante. "Ele está nos desafiando. O aumento de 130% é para uma minoria. Por isso fechamos o trânsito", rebateu a mulher de PM, Rosângela de Souza.
Para o comandante Foltran, não é prejudicando a sociedade - impedindo o trânsito - que se chegará a um acordo. "O governo não pode se comprometer a dar aumento, se não tem condições. Assim que o Estado tiver recursos reajustará o salário de todos os funcionários públicos. Elas tem que confiar no governo", disse o comandante.
Quanto às punições aos PMs que participaram de manifestações, informou que se forem injustas serão retiradas. "Isso é mentira. Um PM que levou a marmita para a mãe que participava do movimento ficou detido por quatro dias em um quarto isolado, apesar de ter informado ao comandante que a punição era injusta", rebateu Vania Zanella.
As mulheres contaram que recebem ameaças de subalternos de oficiais militares durante a madrugada de domingo no acampamento. "Essa noite, um oficial me empurrou e tentou colocar álcool na barraca", contou Sandra Hansen.
Em apoio às mulheres "que estão sofrendo pressões psicológicas", segundo nota enviada à imprensa, os PMs que estiverem de folga, recolherão por 24 horas, as viaturas da PM nos quartéis até que se obtenha uma resposta do governo, a partir de hoje. Em seguida, farão - encapuzados por temerem represálias - uma corrente em volta do QG e seguirão em passeata até o Palácio Iguaçu, onde farão um apitaço de quinze minutos "em homenagem ao governador Jaime Lerner".