O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou hoje, falando à imprensa após deixar o velório de Zilda Arns, que o momento vivido no Haiti não é fácil pois se pode considerar que, além dos soldados brasileiros mortos, os quatro que continuam desaparecidos também podem ter morrido. Lula citou ainda "um funcionário brasileiro nas Nações Unidas" (Luiz Carlos da Costa, segunda maior autoridade da ONU no Haiti), que também continua desaparecido.
Com relação à morte de Zilda Arns, o presidente disse que "foi uma grande perda para o Brasil e para o mundo". Para Lula, "todas as pessoas que morreram (em consequência do terremoto) estão simbolizadas na figura de Zilda Arns".
Lula revelou ter dito à família Arns, com a qual se reuniu por 45 minutos no Palácio das Araucárias, sede do governo do Paraná, que nessa hora em que todos choram o importante é que as ideias de Zilda tenham encarnado na mente dos brasileiros. "Que a partir do exemplo dela todos nós sejamos mais solidários e humanistas", acrescentou.
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O presidente encerrou sua entrevista dizendo que tem a certeza de que Zilda não se arrependeria de nada do que fez. "Se voltasse a viver, ela faria tudo outra vez, inclusive voltaria ao Haiti."
Leia a íntegra do pronunciamento do presidente Lula:
"Esse momento não é fácil. Não é fácil pelo que aconteceu ao Haiti, pelo que aconteceu e ainda está acontecendo ao povo. Tem muita gente soterrada, ainda, não sabemos se vivos ou não. O momento não é fácil pela quantidade de gente que já sabemos que morreu, fora àqueles de que ainda não temos notícia. É dífícil pelos 14 soldados brasileiros que morreram, pelos quatro que ainda estão desaparecidos e podem estar mortos também. Toda essa gente está simbolizada na nossa querida Zilda Arns.
"Quem viveu no Brasil nessas últimas duas décadas e meia, que lutou pela democracia, pela conquista dos direitos humanos, pela melhoria da qualidade de vida das pessoas, das crianças e pelos idosos, se fechar os olhos e pensar em uma pessoa, pensaria na doutora Zilda Arns.
"Foi uma perda muito grande para o Brasil e para o mundo, de uma pessoa que dedicou sua vida a cuidar dos mais necessitados, para pregar a solidariedade, e que agora nos deixou. Morreu fazendo uma das coisas mais sagradas de sua trajetória, visitar as pessoas mais pobres, não só no Brasil, mas em vários países do mundo.
"Eu disse à família que todo mundo vai chorar, agora, mas o mais importante é que todos lembrem das idéias que a doutora Zilda pregou neste País durante tanto tempo. Espero que elas estejam encarnadas na mente, nos corações e na alma de cada brasileiro. Espero que a partir do seu exemplo todos nós sejamos mais humanistas, e olhemos com um pouco mais de carinho para o nosso próximo. Às vezes, com um pequeno gesto a gente pode ajudar muito.
"Por isso, eu não poderia deixar de vir para prestar minha solidariedade à família, sabendo que a doutora Zilda está lá em cima olhando e sabendo que valeu a pena. Se perguntássemos para ela se faria tudo novamente, ela diria que sim, e inclusive que voltaria ao Haiti. Porque ela era assim, e Deus queira que surjam outras pessoas como ela."